[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Entrevista com o cineasta Karim Aïnouz | Páginas Azuis | O POVO Online
Karim Aïnouz 29/04/2013

Entrevista com o cineasta Karim Aïnouz

Cidadão do mundo, o cineasta Karim Aïnouz investiga, através de seus personagens, o atrito do humano com uma paisagem que lhe é hostil, que não lhe pertence. Nesta entrevista, ele explica porque esta questão move seu cinema
Foto Edimar Soares
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Esqueça a máxima “Cinema é a maior diversão” se você pretende entrar numa sala de exibição para assistir a algum dos filmes dirigidos por Karim Aïnouz. Para o cineasta cearense radicado em Berlim, cinema é lugar para tratar dos desconfortos da vida, do estranhamento de não pertencer ao locus onde se está. E não há espectador que saia imune ao desassossego dos seus fotogramas.

É com essa perspectiva que Karim tem escrito seu nome no cinema mundial com títulos como os premiados O Céu de Suely e Viajo Porque Preciso Volto Porque te Amo. O próximo longa-metragem a integrar sua filmografia é Praia do Futuro, rodado em Fortaleza e Berlim, e que está em fase de montagem.


Nesta entrevista exclusiva ao O POVO, Karim Aïnouz fala sobre o que move seu cinema, como se dá o seu processo criativo e comenta a internacionalização do cinema brasileiro.


O POVO – Você tem contado as histórias que queria contar, através do seu cinema?

Karim Aïnouz– Tenho. E tenho prezado muito, tenho tido muito cuidado para que essas escolhas sejam muito claras para mim. De que as histórias sejam histórias... Tem uma coisa curiosa, né? quando você está escrevendo um roteiro, que é a grande lição do roteiro, além da trama e tal, e eu acho que eu trouxe isso para minha vida. Um bom filme - quando eu falo “bom filme” é aquele em que você é mobilizado por ele -, é um filme onde o personagem precisa de alguma coisa. E quando o personagem precisa fazer alguma coisa, seja tirar a mãe da forca, roubar 10 milhões de dólares para não sei o quê, pouco importa... E hoje em dia a minha escolha, a escolha dos projetos, a escolha das histórias, a escolhas dos filmes, a escolha dos tipos de filmes partem muito desta questão, que é uma questão que se responde no travesseiro, quando você vai dormir. Assim, eu preciso falar disso, eu preciso que isso seja grande, que isso seja visto, que isso seja explosivo. Então, eu acho que sim, eu acho que cada vez mais as escolhas são escolhas que passam muito por aí.

OP – O que move o seu cinema?

Karim – Eu não sei te dizer porque eu preciso falar de algumas coisas. Tem coisas que a gente não entende o porquê nem consegue... Eu acho que depois que a gente faz, a gente até entende. Por exemplo, O Céu de Suely... porque o cinema tem essa potência de você fazer um coisa que você de fato, às vezes, não pode viver ela, de você contar um negócio que você não pode passar por ele, às vezes. E O Céu de Suely tem quantos anos? Tem seis anos que aquele filme ficou pronto, e eu acho que só agora de fato ficou muito claro para mim: a grande razão de ser de O Céu de Suely é poder falar de uma mulher que vai embora, de poder imaginar que não é só o homem que vai embora, que a mulher também tem o direito de ir embora e deixar tudo para trás. Mas óbvio que quando eu estava fazendo o filme eu não estava entendendo isso direito, mas sabia que eu precisava falar daquilo. E eu acho que o filme, em última instância, é sobre isso. É poder, através do cinema, imaginar alguma coisa que na vida real a gente nem sempre tem o direito de viver. Eu acho que isso é um crivo, isso é um critério mais que um crivo. E aí eu acho que o outro é esse que eu não consigo explicar direito. Tem um negócio no cinema que é muito legal. É um negócio muito antigo fazer cinema, não é? Porque é um negócio que leva muito tempo. São muitos anos e aí não tem o dinheiro, e aí muita gente acha isso um problema. Eu acho que é do DNA do cinema, entendeu? Leva tempo, dá trabalho, é caro, mas eu acho isso bom. Não acho isso um problema. Acho que isso é um fato. E o que isso te ensina, no decorrer dos anos, é o seguinte: você tem que acordar com aquele negócio durante três anos, todo dia, e aquilo tem que ser prioridade um. Você tem que acordar pensando naquilo. Mesmo que você não passe o dia pensando naquilo, mesmo que você não passe o dia fazendo aquilo, mas aquele bichinho tem que estar ali contigo, entendeu? Então, você acordar com o mesmo assunto durante três, quatro, cinco anos tem que ser um assunto muito relevante para você, porque senão... Não sei, acho que tem gente que consegue fazer de outra maneira, entendeu? Tem gente que consegue negociar isso de uma maneira completamente distinta e tal, mas não sou eu, não adianta. Não sei se eu conseguiria fazer um filme completamente de encomenda. Acho que não. Já fiz, mas eu acho que não. Então eu acho que é isso, eu acho que as escolhas das histórias até agora têm sido... E as histórias que não vingaram, por exemplo, têm sido também muito por conta disso. Quando eu falo que não vingaram são roteiros que eu escrevi ou projetos aos quais eu estava muito próximo perto de filmar. E que não acordei pensando neles, em que os personagens não falavam comigo pela manhã, que eu não estava disposto a embarcar. Houve muitos no decorrer do tempo. Acho que o critério é muito íntimo, e às vezes indecifrável num primeiro momento. Mas eu acho que uma das coisas legais de envelhecer é que isso vai ficando claro, pelo menos depois fica claro. Porque se não ficasse claro também era muita intuição e pouca matéria (risos). Eu acho que é isso. É uma necessidade de você falar de alguma coisa.

OP – Podia-se esperar de você histórias cosmopolitas. Eu acho que era o que todos esperavam sempre, um cidadão do mundo vai contar histórias deste grande mundo – que eu até entendo, hoje, que você conta. Mas você radicalizou na sua opção de locus e trouxe sua narrativa para o Sertão, para o interior do Nordeste, trouxe para a periferia, para a margem, nunca para o centro.

Karim – É, é isso mesmo.

OP – Esta é uma decisão proposital? Ou ela é intuitiva?

Karim – Acho que tem duas questões aí. Tem uma questão para mim que é a seguinte. Para fazer um filme num lugar eu preciso querer foder o lugar. Quando eu falo “foder o lugar” é me apaixonar pelo lugar, estar apaixonado pelo lugar. E eu acho que isso é uma coisa muito importante para mim, onde é que se passa o filme. Eu não sei se eu conseguiria... Por exemplo, tem um autor brasileiro que eu amo, que é o Milton Hatoum, a gente tem até um parentesco ali, meio primo, ele vem do Líbano, meu pai vem da Argélia, tem uma coisa que eu entendo da sensibilidade dele e tal. Mas eu não acho que eu conseguiria fazer um filme na Amazônia. Tenho pavor da floresta, não tenho o menor interesse de ir para lá nem para visitar (risos), eu não gosto de umidade, entendeu?... Mas aí fazer um filme na Islândia eu iria. Nunca fui, só conheço de foto, de filme. Então, eu acho que primeiro eu tenho que ter a relação com o lugar, entendeu? E aí eu acho que eu entendi também o que é. É deserto. O espaço do deserto, o espaço da cidade é a minha casa. E Fortaleza é isso. É o encontro de uma coisa com a outra, quando você pensa bem, né? É um deserto onde foi criada uma cidade na beira do mar. Eu acho que o locus, na realidade não o locus, mas a matriz está tudo aqui. Eu acho que é uma metrópole que está perto do deserto... Iguatu é isso, Berlim é um pouco isso. O Rio de Janeiro não, mas o Rio de Janeiro é um porto, né? Então, você tem que ter um parentesco entre os lugares e eu acho que isso é uma decisão, pode ser que num primeiro momento não tenha sido deliberada, mas é deliberada. Eu não vou conseguir fazer um filme num lugar onde eu não tenha uma relação de afeto, ou de tesão, ou de interesse. É engraçado quando você filma numa cidade... Depois que eu filme na Praia do Futuro, eu acabei de filmar tem duas semanas, eu não consegui voltar lá para tomar um banho de mar.

OP – Por que? Com vergonha? Com medo?

Karim – Não. Sabe uma coisa assim... o casamento que acabou? Que não dá para você ver a pessoa agora? Não é nem o casamento que acabou, é uma separação que se deu ali. Porque a gente ficou tão junto, eu e a praia, que não dá para eu voltar lá agora assim, impunemente. Então, eu acho que são lugares onde de fato eu tenha alguma relação histórica, alguma relação afetuosa e tal. Isso é o assunto do lugar, um dos assuntos que você me perguntou. O outro assunto é a questão do cosmopolita ou não. Têm sido sempre decisões os filmes, além da questão do lugar, que eu acho que a paisagem é sempre muito importante em todos os filmes, ela não é pequena, não é pequeno o papel da paisagem nos filmes, mas eu acho que também tem uma relação com os personagens e como que esses personagens se relacionam com essas paisagens.

OP – Você poderia explicar melhor?

Karim – São sempre personagens de uma certa maneira... a palavra não é deslocado, mas tem alguma fricção entre eles e a paisagem. Ou de um não pertencimento absoluto, geralmente é de um não pertencimento, não sei se absoluto, mas geralmente tem uma sensação de não pertencimento. Isso é cosmopolita? Acho que sim, né? Acho que a experiência cosmopolita em grande parte é isso. Você tem uma relação de pertencimento e não pertencimento o tempo inteiro. Então eu acho que sim, mas eu acho que mais que qualquer coisa... Quando eu falo deslocado é porque eu não acho que eles são deslocados, eu acho que é uma outra coisa, assim, é de pertencer e não pertencer ao mesmo tempo e de como que isso gera uma fricção e que de fato isso dá vida aos personagens. Eu acho que com certeza passa por aí. É questão de ter morado em um monte de lugar do mundo, eu acho que eu já tive não sei quantas dezenas de casas, eu acho que isso está nos filmes, não tem como não. Não tem como essa experiência íntima e pessoal e tal (ficar de fora). Mas o cosmopolita pelo cosmopolita não necessariamente é algo que me diz respeito. Eu acho que é muito a escolha dos personagens numa situação talvez de cosmopolitismo, mesmo que seja... Não sei se a palavra é essa. Tem um projeto que eu estou doido para fazer... Quando eu estava fazendo Praia do Futuro uma das opções era fazer o filme também em Hamburgo (Alemanha). E aí no decorrer de ver locação, eu fui algumas vezes a Hamburgo e hoje eu sou doido para fazer um filme em Hamburgo. Porque é um grande porto, é o segundo maior porto da Europa, depois de Roterdã, tem uma coisa maluca dos personagens desses grandes navios cargueiros geralmente são filipinos ou são croatas e eles geralmente podem ficar nas cidades 40 horas só. O navio atraca, descarrega, bota os containers de volta, depois volta para onde veio ou vai para outro lugar, enfim. E eu fico com muita vontade hoje em dia, por exemplo, é um dos projetos que eu tenho maior tesão quando eu penso em fazer é isso. Um personagem que é um desses marinheiros não marinheiros, porque nem são marinheiros exatamente, são caras que ficam ali trabalhando, e o cara que fica numa cidade como Hamburgo gelada, super alemã, tradicionalérrima... O que são as 40 horas desse cara nesta cidade? Então, você vê que os temas, de fato, eles voltam. De novo é isso, é um personagem estranho à paisagem.

OP – É isto que lhe interessa sempre? Você já tinha pensado sobre isso?

Karim – Já. Quando você me perguntou a questão do porquê, das escolhas e tal... Eu acho que estar no mundo é sempre uma experiência que não é completamente confortável, é uma experiência confusa, não é? E eu acho que isso talvez seja o motor das coisas. O que é que incomoda? O que é que... E aí talvez o lugar seja uma maneira muito cinematográfica de olhar isso, porque é muito físico, não é uma questão psíquica. É uma questão física ali, como você se relaciona com o prato que você come? Com a casa que você mora? Com o teu cotidiano? E eu acho que isso, sim, me interessa. Porque eu não acredito em quem é completamente confortável. Não, eu até acredito, tá tudo bem, tá tudo certo (risos), entendeu? Mas assim... não é muito sexy.

OP – Estar confortável?

Karim – É, eu acho que você estar completamente integrado, pertencer completamente... É igual a uma pessoa que é completamente bem resolvida e boazinha, sabe? (risos) Ou uma pessoa que é má. Eu não acredito muito nisso. Eu acredito mais numa coisa que é mais bagunçada e tal. E eu acho que tem muito a ver com isso, assim. Voltando à tua pergunta, o que faz com que eu escolha as histórias e tal, os problemas que os personagens têm, né?, porque os personagens todos têm problemas. Em qualquer filme, não só nos meus. Então, o problema que me interessa talvez seja esse. E talvez um dia eu faça um filme que é o contrário disso. Eu acho fascinante alguém que nasce e morre no mesmo lugar. Sabe? Que nasce e que cumpre uma trajetória espacialmente num mesmo lugar. Eu não fiz esse filme ainda, talvez um dia eu vá ter maturidade para fazer. Mas hoje o que me interessa são esses personagens que não dão conta, que têm algo que incomoda eles no mundo. E é isso que me faz vivo. Não é só os personagens, sou seu, entendeu? (risos). Que fica mudando de lugar para lugar... Eu acho que essa sensação de desconforto é uma sensação, para mim muito produtiva artisticamente. Tanto pessoalmente como nas escolhas que eu faço.

OP – Comenta-se muito que o cinema brasileiro está tendo hoje uma grande oportunidade de internacionalização. Quer dizer, nossos cineastas estão com chances reais de ter uma carreira internacional. É possível ter uma carreira internacional sem estar em Hollywood? Ou isso tudo é um grande besteira?

Karim – Cara, eu acho que esse negócio da carreira internacional é muito louco. É uma besteira, entendeu? Você tem que ter uma carreira. Se ela é internacional ou não... A carreira do Won Kar Wai é internacional?

OP – É, não é? Se ele é chinês e eu assisto ao filme dele aqui, no Brasil...

Karim – Não é porque ele fez Um Beijo Roubado (filme com um elenco estrelado por Natalie Portman, Norah Jones e Jude Law) que ele é internacional, você concorda?

OP – Sim, claro.

Karim – Ele é internacional por tudo que ele fez antes. Isso para mim é uma carreira internacional. Carreira internacional não é porque você vai dirigir para uma major, em Los Angeles. Isso é uma carreira americana! Dentro de uma tradição americana e tal. Carreira internacional para mim é quando você faz filmes que tenham relevância internacional. A carreira do Brillante Mendonza (diretor filipino, premiado como melhor diretor no 62º Festival de Cannes) é uma carreira internacional, cara. Isso para mim nem é uma questão. A questão é o que eu acabei de falar: eu adoraria fazer um filme na Islândia. E isso é querer ter uma carreira internacional? Sei lá! Isso é querer fazer um filme na Islândia porque eu acho que a Islândia tem uma paisagem lunática, que é ontológica e que me remete a um lugar que eu não sei o que é direito, mas que é absolutamente mágico etc etc. Eu acho que às vezes a gente fica confundido um pouco as questões. Uma carreira internacional para mim é uma carreira nacional, que é vista no mundo todo. Número um. Número dois: uma carreira internacional é filmar em outras geografias? Pode ser também. Eu às vezes tenho vontade, quando eu falo no filme da Islândia, filme de Hamburgo, filme de Tóquio, filme de num sei o quê. Voltando à questão dos lugares, são lugares fascinantes.

OP – Você filmou em Berlim agora.

Karim – Sim, filmei em Berlim. Agora, eu não filmei em Berlim porque eu queria ter uma carreira internacional. Filmei em Berlim porque é uma cidade que é relevante para mim, é importante. Tem algo ali que eu acho que o mundo tem que aprender, tem que conhecer, tem que testemunhar, que eu acho que é um processo que aquela cidade está vivendo. Então, eu acho que essa discussão da carreira internacional às vezes parece que a pergunta é outra. Parece que a pergunta é assim: “você gostaria de filmar...” – primeiro que não é nem fora do Brasil – “você gostaria de filmar na América?”. E eu honestamente hoje tenho grandes dúvidas se eu quero filmar na América. Eu vivi 15 anos de minha vida na América, aprendi coisas incríveis na América, mas também aprendi coisas que não são tão incríveis assim. Eu não quero ter uma carreira internacional onde eu não tenha corte final. Isso para mim não é uma carreira internacional, isso é uma carreira de diretor contratado, entendeu? Mas se isso é bom ou ruim não importa. Isso é uma questão muito pessoal, eu acho que para mim não é bom. Para mim não me dá tesão, mas eu acho que tem um monte de gente para quem isso dá tesão. E eu acho que está tudo certo. Eu não quero fazer isso da minha vida agora, mas por que não? Vai lá e faz um filme. Foi bom, faz outro. Não foi bom, faz um aqui, faz um acolá... O que eu acho que é bacana, mais do que a questão da carreira internacional, é que eu acho que hoje a gente tem um padrão internacional. Eu acho que há de fato uma descentralização gigantesca do que é a cinematografia mundial. O cinema coreano, por exemplo, ele é conhecido de um jeito fora da Coreia, de outro jeito na Coreia, mas é uma cinematografia potente. E é isso que eu acho que está acontecendo no Brasil hoje. Ou, na realidade, eu acho que é isso que deveria acontecer no Brasil hoje. Se tem meia dúzia de diretores, talvez eu inclusive, que estamos filmando fora, eu acho que isso é um detalhe. Eu acho que o que é relevante aqui é o seguinte: o que é nossa cinematografia? Existem cinematografias? Por exemplo, acho muito interessante a discussão sobre o que é o filme que viaja. O que é o filme que não viaja? O que é o filme que é relevante para o público brasileiro? E o que é o filme que é relevante para o público internacional? Eu acho que essas duas cinematografias elas têm que existir ao mesmo tempo, uma alimenta a outra.

OP – Do que você se arrepende?

Karim – (silêncio) Difícil ficar falando disso assim, né? Vem aquela frase de efeito que não me arrependo de nada, mas não é verdade. É claro que eu me arrependo de um monte de coisas, senão eu não estaria aqui com você agora, entendeu? Eu me arrependo de um monte de coisas e eu me orgulho de um monte de coisas. Agora as coisas que eu me arrependo eu prefiro deixar para mim (risos).

 

Émerson Maranhão emerson@opovo.com.br
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