[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Educador por natureza | Páginas Azuis | O POVO Online
Ednilton Soárez 18/02/2013

Educador por natureza

Eclético na atuação profissional, Ednilton Gomes de Soárez sempre teve "alguma coisa de educação" ligada à sua trajetória. De consultor, professor universitário, ele assumiu o grupo 7 de Setembro, criado pelo pai
Foto: Deivyson Teixeira
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Além de empresário, educador. Ele se define como “trabalhador, disciplinado e feliz”. Ednilton é presidente do Grupo 7 de Setembro, que tem cinco escolas e uma faculdade em Fortaleza. A formação é em Engenharia Mecânica, mas foi depois do MBA na New York University que ele deu uma “guinada” na carreira. Voltou ao Brasil como consultor de empresas.

 

Já no meio empresarial, foi diretor do Grupo Edson Queiroz e chegou a ser secretário da Fazenda no governo Tasso Jereissati, entre 1995 e 2002. Segundo ele, foi uma época de intenso desenvolvimento e atração de investimentos para o Estado.


O investimento era de cerca de 20% do Produto Interno Bruto do Estado. Também é dessa época a privatização da Coelce e o processo de negociação do Banco do Estado do Ceará (BEC).


Só depois da morte do pai, em 1975, ele começou a atuar no Colégio 7 de Setembro. Inicialmente como consultor. Mais tarde assumiu a administração e começou o processo de expansão do colégio. Hoje, a expansão do ensino superior é a principal bandeira do grupo, segundo ele.


Além do grupo, Ednilton tem investimentos no Beach Park e em imóveis. Ávido leitor, desde a infância ele cultiva o hábito de ler livros de aventuras, romances e hoje usa a tecnologia, como os e-books para estar sempre lendo alguma coisa. Filho do meio de uma família de cinco irmãos, ele passou a maior parte da infância no bairro Jacarecanga.


Ednilton diz ser uma pessoa de muita fé. “Todos nós temos problemas. Mas, quando você sabe que acima de você tem um Deus que cuida de você, você passa pelo problema com mais facilidade e confiança”, destaca. Depois de um tempo, ele pensa em “diminuir a carga” e talvez voltar à carreira de consultor nas suas próprias empresas.


O POVO - Como foi sua infância?

Ednilton Gomes de Soárez - Nasci na praia de Iracema durante a Segunda Guerra Mundial, no fim da guerra, em dezembro de 1944. Meus pais tinham uma casa no Jacarecanga, que estava sendo reformada. A família se mudou provisoriamente para a Praia de Iracema. Foi lá, na rua dos Tabajaras, que eu nasci.Nós ficamos pouco tempo na Praia de Iracema. Tenho muitas lembranças do Jacarecanga, da avenida Francisco Sá, onde eu passei toda a minha infância. A gente estudava à tarde. De manhã nós tínhamos a nossa sala de estudos que papai fez para nós. Nós fazíamos nossos deveres e depois brincávamos um pouco e o papai chegava 11h30, 12h em casa. Almoçávamos e íamos ao colégio com ele.

 

OP – Como seu pai já era da educação, o senhor se sentiu atraído por essa área muito cedo?

Ednilton – Nós éramos sempre muito cobrados pelo papai. Por ser diretor do Colégio 7 de Setembro, tínhamos que ser exemplos. Isso é um peso para todo filho de educador. Hoje para as minhas netas. Mas realmente ele queria saber o que estava estudando, acompanhava nossos deveres de casa e fazia às vezes até a própria sabatina com a gente para ver se tinha feito o dever de casa, estudado. A mamãe, também como educadora, nos acompanhava de perto. Foi um casal muito ajustado na área de educação.

OP – Como foi o período em que morou fora?

Ednilton – Foi em 1969 e 1970. Fui para a New York University. Aí eu dei uma guinada. Eu tinha feito estágio no final da Engenharia Mecânica em São Paulo na Volkswagen e vi que eu não tinha escolhido a profissão certa porque eu entrava na linha de produção, que era a mais moderna do Brasil naquela época, mas eu não me sentia bem de estar no meio das máquinas. Eu sempre gostei de trabalhar...

OP – Com gente?

Ednilton – Com gente. Foi a oportunidade que eu tive de fazer esse MBA, que era administração. A engenharia foi importante porque me deu uma base muito grande. A engenharia te dá uma metodologia para raciocinar linearmente, a base matemática. Isso me ajudou muito. Tanto é que, modéstia à parte, lá no MBA eu dei um show. Fui um dos primeiros da turma.

OP – De onde vem sua formação humanística. Isso vem de quê?

Ednilton – Eu sempre li muito. Outra coisa que o papai fazia com a gente era que sempre tínhamos muito incentivo para ler e, por causa desse incentivo, ele nos levava às livrarias da época e nós escolhíamos os livros que iríamos ler. Na época, os colégios não tinham tantos livros.

OP – Que tipo de livros o senhor lia?

Ednilton – Eu gostava mais de aventuras. Li na infância tudo o que tinha de Tarzan, depois muitas coisas de Érico Veríssimo, li quase toda a obra de José de Alencar.

OP – Antes de trabalhar no 7 de Setembro, o senhor também passou por quais lugares?

Ednilton – Depois que voltei do mestrado em Nova York, comecei a trabalhar em uma empresa de consultoria americana com uma sociedade com uma empresa brasileira, a Coopers & Lybrand. Foi quando me deu a ideia de visitar o grupo Edson Queiroz em uma das minhas viagens a Fortaleza. Eu fui levar um projeto de consultoria para ele, ele gostou, assinamos um contrato e no final do projeto ele disse: “Ednilton, quero te fazer uma proposta para você vir trabalhar aqui no grupo Edson Queiroz”. Ele foi até engraçado e disse: “Como teu pai é aqui do Ceará, garanto que ele vai pagar uma parte do seu salário para você voltar”.

 

OP – Mesmo trabalhando ainda nesta área empresarial, o senhor fez parte de alguns Conselhos, como o de Educação.

Ednilton – O conselho de Educação foi mais adiante, quando eu passei a me dedicar só ao colégio. Foi quando eu saí do grupo Edson Queiroz. Fiquei quatro anos como Conselheiro do Conselho de Educação. Saí quando assumi a Secretaria da Fazenda.

OP – Isso foi em 1995, no governo Tasso. O que o senhor relembra dessa época enquanto secretário da Fazenda?

Ednilton – Fiquei oito anos, de 1995 até 2002. Foi uma época muito rica na minha vida. Aquele período do governo Tasso mudou o perfil da economia do Estado. Tinha muito empresário no Governo. Eu, na Fazenda. O Assis Neto na Secretaria de Governo, o Maia Júnior na Infraestrutura. O Raimundo Viana, na atração de investimentos. Pelo menos, os que eu lembro agora. E o próprio Tasso Jereissati era empresário. Era muito voltado para o desenvolvimento do Estado.

OP – E as bases que foram colocadas nessa época em relação à atração de empresas para o Ceará ainda são usadas até hoje?

Ednilton – São utilizadas. O Porto do Pecém foi feito nessa época. O Aeroporto, que agora está sendo ampliado, foi feito nessa época. A interligação de bacias, a estrutura hidrográfica do Estado começou nessa época. A grande quantidade de estradas, a modificação da mentalidade da educação também com a escolha de diretores de escolas serem através de eleição e não de nomeação política. Foi um momento muito grande do desenvolvimento do Ceará. Foi um momento muito rico porque eu tive a oportunidade como Secretário da Fazenda de ser coordenador do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), que é o órgão que agrega todos os secretários de fazenda. Eu fiquei seis anos dos oito anos que eu fui Secretário da Fazenda. O Ceará era um exemplo em termos de administração fazendária para o Brasil na ocasião. Chegamos a investir cerca de 20% do PIB (Produto Interno Bruto do Estado). Era bem razoável, tanto é que isso o Raimundo Viana usava como argumento para atrair novas empresas. Também foi na época que privatizamos a Coelce. Houve muita crítica porque era um bem...

OP – A federalização do BEC também é dessa época...

Ednilton – A gente transferiu para o Governo Federal a administração do BEC e só foi privatizado no Governo seguinte, do Lúcio Alcântara.

OP – O senhor também participou do Conselho do Direito da Criança e do Adolescente.

Ednilton – Sim. E hoje sou da diretoria do ChildFund Brasil há muitos anos e hoje nós temos 70 mil crianças apadrinhadas no País.

OP – O que o senhor acha que ainda precisa avançar em relação ao direito da criança e do adolescente?

Ednilton – Acho que o direito da criança e do adolescente avançou muito, mas agora nós precisamos aprimorar a legislação de punição porque o que está parecendo para a sociedade é que o adolescente, seja ele qual for, não pode ser penalizado. Agora mesmo um deputado está levantando essa bandeira dizendo que você tem que separar um adolescente que é reincidente e que precisa ser penalizado de um que teve um problema apenas.

OP – O senhor foi do conselho universitário da Unifor. Essa experiência foi uma inspiração para a criação da FA7?

Ednilton – Eu era professor da Unifor, de administração financeira. Por ser muito ligado ao Edson Queiroz e ser diretor controller do Grupo, o Edson me disse: “O reitor vai te convidar para fazer parte do conselho da universidade”. Sempre houve algo de educação junto de mim. Quando o papai faleceu em 1975, eu pedi ao Edson para dar um apoio à mamãe, que ela não tinha experiência de administração e eu passei a trabalhar no colégio uma hora por dia.

OP – O senhor e a sua irmã, Ednilze.

Ednilton – Ela já estava lá. Foi quando, conversando com o Edson, eu disse: a mamãe está precisando de um apoio lá no colégio porque ela não entende muito de administração. Edson disse: “Ednilton, todos os meus funcionários têm tempo integral e dedicação exclusiva”. Eu disse: “Edson, vou fazer um acordo com você. Vou precisar de uma hora por dia”.

OP – Na época em que seu pai faleceu, houve algum movimento para fechar o colégio, vender?

Ednilton – A mamãe foi muito corajosa. O papai ficou doente sete, oito meses. Foi do fim de 1974 até meados de 1975. E ele morreu no dia 02 de julho, ou seja, nas férias. Ele faleceu de câncer no pâncreas e a mamãe reuniu os filhos. Nós estávamos em uma fazenda e ela disse: vamos continuar a obra do seu pai. E ali mesmo nós preparamos uma circular para todos os pais. A circular foi distribuída no primeiro dia da volta às aulas em agosto e ela dizia isso: nós vamos continuar a obra do meu esposo e vamos todos nos envolver. Tanto é que não houve queda de matrícula no ano seguinte.

OP – Foi no fim da década de 1980, começo da década de 1990 que começou a expansão do colégio. O que houve?

Ednilton – Nós vimos que havia possibilidades. Não tínhamos nenhuma unidade aqui na Aldeota. Nós fizemos essa sede da Aldeota que nós chamamos sede Edilson Brasil Soares em homenagem a ele. Foi quando houve a grande expansão dos colégios. Começou a época das faculdades particulares. O Ednilo já estava trabalhando com a gente no colégio. Estávamos fazendo o planejamento já.

OP – O senhor já pensa em sucessão? O seu filho Henrique é um nome?

Ednilton – O Henrique hoje é o que está mais perto de mim nesse momento, acompanhando o trabalho.

OP – O colégio já passou dos 70 anos. Em que a educação avançou ao longo do tempo?

Ednilton – Em 2013, já estamos fazendo 78 anos. Algumas coisas na educação são básicas, não mudam e você precisa estar sempre trabalhando, que é a formação do caráter, a formação do jovem e o ensino forte. O que muda são os métodos porque eles vão sendo modernizados. Por exemplo, informática, ipads são normais na sala de aula. Os métodos precisam ser atualizados.

OP – Como o senhor avalia a concorrência com as outras escolas? Algumas vezes é desleal?

Ednilton – É. Algumas vezes é desleal. Algumas vezes nós sentimos que algumas instituições procuram mais divulgar resultados. E para divulgar resultados eles realmente buscam tirar de alguns colégios os melhores alunos e nós não concordamos com isso. Não fazemos isso.

OP – Como é a relação entre família e escola?

Ednilton – Hoje eu sinto uma coisa muito interessante. É que no tempo mais antigo só a mãe se preocupava com a educação dos filhos. Hoje não. Nós vemos que os pais se envolvem com a educação dos filhos. Eu acho que até para suprir um pouco essa mãe que está passando o dia trabalhando fora. Então, o pai se sentiu na responsabilidade de dizer: eu também sou responsável pela educação do meu filho. Os pais, os homens procuram também o colégio e nas reuniões há uma boa frequência de pais e não só de mães.

OP – O senhor também foi um pai que buscou apoiar os filhos na escola? Estava com eles lá...

Ednilton – O tempo todo (risos). Interessante que eu me dediquei muito aos meus filhos e recomendo. Na época, eu podia almoçar em casa e estava sempre junto com eles na hora do almoço, sabendo o que tinha sido feito no colégio, acompanhando ou dando orientação para os que estudavam à tarde. Outra coisa que eu recomendo muito nas minhas palestras de pais é que passem o fim de semana com seus filhos. Não os deixem ir para a casa de outros pais. A convivência com vocês é importantíssima. Eu dizia sempre assim: olha, se quiser trazer amiguinho aqui pra casa pode trazer, mas você tem que ficar com o papai e com a mamãe. Estávamos sempre juntos. Eu, a Leninha (a esposa, Maria Helena) e os meninos.

OP – Gostaria que o senhor falasse sobre sua esposa.

Ednilton – Eu conheci a Leninha quando estava fazendo faculdade no Rio de Janeiro. Ela é carioca. Nós frequentávamos a mesma Igreja, a Igreja presbiteriana de Copacabana. Frequentávamos o grupo de mocidade e começamos a namorar lá. Quando eu estava para ir para os Estados Unidos, nós estávamos casando.

OP – O senhor é uma pessoa feliz, realizada?

Ednilton – Eu tenho pensado muito sobre felicidade. A frase que eu acho que mais fala sobre felicidade é uma que eu aprendi quando adolescente, do Victor Hugo: “A verdadeira felicidade consiste em ter sempre o que fazer, alguma coisa que esperar e alguém a quem amar”.

 

Teresa Fernandes teresafernandes@opovo.com.br
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