[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Proposta do presidente da Câmara de Fortaleza reativou o debate sobre a TV pública. Cultos e missas devem ter espaço na sua programação?
Confronto das ideias 24/01/2013

Proposta do presidente da Câmara de Fortaleza reativou o debate sobre a TV pública. Cultos e missas devem ter espaço na sua programação?

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TV PÚBLICA

SIM - A religiosidade é um elemento da cultura cearense e como tal precisa ser preservada e respeitada, também na TV pública. As raízes deste povo estão arraigadas no anúncio do Evangelho que já perpassaram mais de 400 anos a contar da fundação do Forte de São Tiago em 1605 na Barra do Ceará por Pero Coelho de Sousa.


Segundo o Censo 2010, a população cearense chega a 8.448.055 habitantes. Destes, 7,8 milhões se declaram cristãos, sendo 78% católicos e 14,5% evangélicos. Apesar de maioria, os cristãos convivem em harmonia com as demais formas de espiritualidade, prática que parece desagradar aos “laicistas” que em nome de uma interpretação errônea da concepção de estado laico pretendem desconsiderar o ethos religioso desta gente.


Volta e meia o assunto retorna à discussão e a ditadura do relativismo que avançou neste século quer cumprir o vaticínio do filósofo que pretendeu “matar Deus”. Já que não conseguem fazê-lo no coração humano, que traz uma marca ontológica do transcendente, ao menos através dos meios que possam transmitir sua mensagem.


Em 2011 sob a égide da concepção falseada de estado laico quiseram retirar a Santa Missa e o programa evangélico Reencontro da TV Brasil. A ação impetrada pela Arquidiocese do Rio de Janeiro na Justiça Federal mostrou que a “decisão do conselho tinha forte e indesejável carga de discriminação religiosa”. Por força de liminar, os programas continuam sendo exibidos por tempo indeterminado.


Vale lembrar que no Ceará um dos programas mais antigos exibidos ininterruptamente é a Santa Missa - há 38 anos em uma TV pública. Só por este feito mereceria deferência.


A TV pública não perde sua identidade cultural, educativa, informativa, artística e inovadora e nem deixa de ser laica ao exibir uma programação religiosa semanalmente. Ao contrário, agrega valor e colabora na construção de uma cultura de paz ao propagar a mensagem de salvação do Ressuscitado que passou pela cruz.

 

"Ao exibir programação religiosa, a TV pública colabora na construção de uma cultura de paz"

 

Vanderlúcio Souza

Assessor de comunicação

NÃO - Não, e não sou eu quem diz. É a longeva Constituição “cidadã” de 1988, em seu artigo 19, que veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios “estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança (...)”. Deus seja louvado por decisão tão lúcida daquela Assembleia Constituinte, que assim assegurou ao brasileiro um Estado, inclusive os seus poderes, laico, secular, leigo, não-confessional.


Sendo inconstitucional, não é justificável que emissoras de TV estatais, sejam elas do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário, financiadas com o dinheiro público, disponibilizem espaços na programação e nossos recursos técnicos e de pessoal para dar voz aos que professam essa ou aquela religião.


Sendo o Estado laico, também seria condenável, na via inversa, destinar programas nas emissoras ditas públicas para grupos de ateus ou agnósticos pregarem a importância de não crer em Deus ou de não crer em nada.


Do ponto de vista das políticas públicas, ao propor unilateralmente incluir missas na programação da TV Fortaleza, a Câmara Municipal estará afastando a sua TV estatal legislativa da perspectiva de evoluir para o caráter de TV legislativa pública, nossa, com nossas caras e falas, nossas problematizações, argumentações e deliberações. Estará afastando o cidadão do direito a um canal de informação, de expressão e de comunicação pública. E reforçando, assim, a exclusão comunicacional.


Ao adotar missas, em vez de acolher as massas, a Câmara de Fortaleza dará um passo atrás na difícil caminhada rumo ao que é diverso e plural, ao que é democrático e republicano. E se alinhará ao que é fundamentalista e sectário.


Pelas linhas tortas de Deus, logo estará em pauta no plenário, com transmissão pela TV Fortaleza, a saudável discussão sobre o papel da TV pública no Estado laico.

 

"Estará afastando o cidadão do direito a um canal de expressão pública"

 

Alberto Perdigão

Jornalista e mestre em Políticas Públicas e Sociedade

> TAGS: cultos
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espaço do leitor
Leonildo Xavier 24/01/2013 09:41
Essa Camara Municipal tá parecendo a CM da minha querida e sofrida Salitre. Valter Cavalcante presidente, revelador do "nive " do restante, salvo as sempre honrosas exceções.
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Marcos 24/01/2013 09:25
O Sr. Vanderlúcio revela ignorância ao entender que os defensores do Estado laico desejam matar Deus. O tão ogerizado laicismo é que assegura a liberdade de crenças religiosas, ou não, a todo cidadão. Exatamente por não ser ateu é que o Estado pode ser laico. TV legislativa não deve ser templo.
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