A partir de 1º de novembro, a multa para quem for flagrado dirigindo bêbado passará de R$ 1.915,40 para R$ 2.934,70. O motorista também terá a carteira de habilitação suspensa por 12 meses. O endurecimento das punições pode contribuir para diminuir essas infrações?
Não, o endurecimento das punições não contribui para diminuir nenhuma infração de trânsito, ainda mais quando a suspensão do direito de dirigir, aplicada contra condutores flagrados na lei seca, demora, no Ceará, uma média de 5 anos para ocorrer, muitas vezes prescrevendo e aumentando a impunidade. Como se não fosse suficiente, ainda com a CNH suspensa, diversos condutores continuam dirigindo, pois a fiscalização é ineficiente.
Além disso, os próprios órgãos de trânsito, na ânsia de arrecadar, multam a qualquer custo e quase sempre desrespeitando as formalidades e os procedimentos exigidos pela legislação de trânsito, sem contar que o dinheiro arrecadado com as multas não reflete, necessariamente, em melhorias para o trânsito das cidades brasileiras.
O que se está buscando, com a nova lei, é um aumento na arrecadação, e não propriamente a redução do número de infrações, sobretudo num País onde a tolerância para o consumo de álcool já é zero. Não se pode esquecer, ademais, que o aumento se dará num contexto de crise econômica, e que o prazo de suspensão do direito de dirigir permanecerá por 12 meses.
Por outro lado, a solução para reduzir a quantidade de infrações cometidas diariamente em todo o Brasil é abandonar a velha política da caneta e do papel e promover a segurança no trânsito através da educação, mobilidade e tecnologia.
Em alguns países europeus, onde a tolerância de álcool é maior do que no Brasil e o cidadão tem diversas opções de transporte público, já se fabricam veículos com bafômetros acoplados à ignição, impedindo que o motorista dê partida caso esteja alcoolizado. O resultado desse conjunto de medidas é que o valor da multa e o número de infrações são muito menores do que aquilo que se vê por aqui.
O endurecimento das punições pecuniárias no trânsito nada mais é do que o atestado de ineficiência do Estado, incapaz de formar condutores conscientizados e comprometidos com um trânsito seguro.
Rodrigo Magalhães Nóbrega
rodrigo@anulamulta.com.br
Advogado especialista em Direito de Trânsito
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