Bate-pronto
O POVO - Geralmente, a Polícia atribui o elevado número de homicídios ao tráfico de drogas. Essa explicação é suficiente? Que causas a gente poderia apontar para tantos assassinatos?
Ricardo Moura -Certamente, os conflitos causados pelo consumo e tráfico de drogas podem ser apontados como causa para muitos homicídios. No entanto, para que essa explicação seja suficiente, ela deve ser resultado de uma investigação levada até o fim, em que as causas do crime são esclarecidas e os acusados identificados. O que vemos, em muitos casos, é que a ação policial se encerra na afirmação de que o crime foi motivado por uma dívida com o tráfico ou acerto de contas. Isso impede que outras causas sejam investigadas, como o lucrativo mercado das armas de fogo, por exemplo.
O POVO - O que pode ser feito para combater o crescimento no número de homicídios?
Ricardo - Programas bem-sucedidos de combate a homicídios podem servir como fonte de inspiração, como o Fica Vivo, de Minas Gerais. Algumas estratégias comuns a esses programas são: participação ativa da comunidade, articulação entre governo estadual, prefeituras, poder judiciário e sociedade civil, aprimoramento da atuação policial, além de políticas específicas para a juventude. A grande dificuldade é estabelecer um modelo que seja eficaz para nossa realidade. Para tanto, o Governo do Estado conta com profissionais competentes e a experiência acumulada de outros agentes públicos. É preciso ainda aumentar o índice de elucidação de homicídios. Quando a Polícia não identifica nem prende o autor de um assassinato, abre-se a possibilidade de que outras mortes venham a ser cometidas pelo mesmo criminoso.
Tiago Braga, repórter do núcleo Cotidiano do O POVO
Tiago Braga
tiagobraga@opovo.com.br
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As informações são de responsabilidade do autor no:
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