15/06/2014

Ansiedade

"A espiritualidade também se traduz num exímio aliado, ainda mais quando se associa ao respeito pela escolha alheia, e pela justiça e adesão às virtudes. Humildade, conhecimento, experiência, vontade de servir são seus inimigos"
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Ingrid Coelho ingridrodrigues@opovo.com.br

Russen Moreira Conrado

Aprender enigmas da mente é muito prazeroso, mas exige muita energia, sacrifício e doação. A ansiedade se traduz no mais castigante mal da atualidade, pois maltrata, corroe e inibe, com a discreta percepção de que algo precisa ser modificado. Representa um grande desconforto biológico, psíquico e somático. Somente num extremo nível de angústia - isso que se sente intensamente e que não se sabe descrever - as pessoas prescrevem para si mesmas a necessidade de mudanças e buscam o remédio da transformação. Ela alimenta um “excesso de futuro”, nos pensamentos e é causada também pela “ausência de Deus”, no coração. Origina-se da transformação de uma tensão acumulada na mente. É maior que nossa condição de ver, escutar e sentir seu maltrato.


Precisamos educar a imaginação, gerenciar problemas, controlar emoções e acordar do comodismo ou da inércia que aprisiona e algema a capacidade de reação. A espiritualidade também se traduz num exímio aliado, ainda mais quando se associa ao respeito pela escolha alheia, e pela justiça e adesão às virtudes. Humildade, conhecimento, experiência, vontade de servir são seus inimigos. O dia nasce e morre, todo dia. Muitos que são privilegiados de ver com apurada observação essa romaria ou roda viva da vida são testemunhos do seu nobre valor. Precisamos sorrir. Brincar com o tempo. Amansar medos. Castigar o que nos castiga. Afastar o que nos danifica. Querer e buscar melhorar. Aceitar e controlar limites. Educar vontades e viver, sem tantas preocupações. Nunca existirá um “manual padrão ouro” para fortalecer o ego. Cada um de nós cria o seu manual, e sua história. Há trabalhos que relatam melhora em 90% dos ansiosos, somente em fazer atividade física. Quando menos se espera, o ansioso, que às vezes, sente o que não sabe, ou mal digere o que desconhece, assim vai dormir no dia que passou, e acorda com a mesma companhia desagradável de todo dia.


No matinal espelho nosso de cada dia, ela está lá, acenando invisivelmente, sugando nossas energias e sendo amarga, ingrata e inóspita, além de uma alienígena parasita da serenidade. Malévola e destruidora sensação. O aparelho psíquico, mesmo na presença do desejável conforto mental, é continuamente instigado por pensamentos perturbadores. “O mau foge sem que ninguém o persiga. O justo, qual um leão afoito ficará sem temor”.


Precisamos escancarar o que nos consola e meditar, criticar e decidir sobre os nossos próprios erros. Pensar consome muito energia e sobra pouco do “estoque de boas vontades”, para fazer o que carecemos. Nietzsche diz que “a vida mais doce é não pensar em nada”, mas adverte sobre a necessidade de educarmos ou adestrarmos nossas consciências. Algumas vezes, há uma linha tênue separando a loucura da serenidade. O ansioso entra na masmorra de sua prisão, se enclausura num cofre sem segredo, ou numa gaveta que foi trancada, com sua chave dentro. Ele necessita se destravar ou se acostumar, ou se sentir livre, ainda que aprisionado por algo que possa parecer maior que ele, mas que é ínfima partícula diante da mente equilibrada. Freud referenda que “não devemos erradicar os complexos das pessoas, mas entrar em acordo com eles”.


Reflitamos mais intensamente sobre a ânsia de nossas vidas, para aprender a espalhar o servir e o amor no meio de nós. Para isso, deve existir um novo homem, a idade nova, e a eterna idade, do controle mental, e da ânsia de amar. Todos que trabalham com a mente precisam se sentir responsáveis e felizes, por fazer parte dessa mudança.

 

Russen Moreira Conrado é médico e escritor

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