[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Carisma e libertação | Espiritualidade | O POVO Online
Artigo 02/09/2012

Carisma e libertação

A teologia da libertação assume uma preocupação com a transformação radical das estruturas de pecado, em especial do ponto de vista social
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Francisco José da Silva


As correntes de pensamento na Igreja hoje podem ser divididas em duas perspectivas: a perspectiva libertadora e a carismática. As duas perspectivas assumem caminhos diferentes na forma de entender o deposito da fé e na maneira de agir e evangelizar, vejamos brevemente como surgiram e se constituem.


A teologia da libertação surgiu por volta da década de 1960 nos países do terceiro mundo como uma resposta ao apelo de renovação da Igreja, renovação essa que tem seu ponto de partida no Concilio Vaticano II, bem como nas conferencias episcopais de São Domingo, Rio, Medellín e Puebla.


A teologia da libertação assume uma preocupação com a transformação radical das estruturas de pecado, em especial do ponto de vista social. O método usado nessa teologia se fundamenta naquele das ciências humanas e sociais como forma de interpretar a realidade social, assim como nos princípios bíblicos do profetismo e da opção preferencial pelos pobres.


Tais concepções inspiraram o que se chama de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), uma resposta latino-americana ao Concilio Vaticano II e as Conferências latino-americanas já citadas. As CEBs usam como norte o método “ver-julgar-agir”, em que se analisa a realidade, em seguida julgam-na segundo o Evangelho e, por fim, busca-se transformá-la.


As Comunidades Eclesiais de Base foram responsáveis por uma compreensão do papel social dos cristãos no mundo contemporâneo, dando grande desenvolvimento à chamada Doutrina Social da Igreja.


De certo modo, a cúria romana e o Papa João Paulo II viram de forma desconfiada o movimento de libertação, prova disso foram os processos instaurados contra alguns teólogos da libertação, como Leonardo Boff e Jon Sobrino, e o documento Instrução sobre Liberdade cristã e Libertação, que saiu do punho do atual Papa Bento XVI.


A teologia carismática surge de uma renovação da fé que parte de um novo pentecostes na Igreja. O chamado movimento carismático tem sua origem tanto no apelo do Concilio Vaticano II, quanto no movimento paralelo do pentecostalismo que surge no século XX nas igrejas protestantes americanas.


O evento central se dá nos Estados Unidos na década de 1960, por influência de pastores norte-americanos, em especial pelo pastor David Wilkerson e seu livro A Cruz e o Punhal, que trata da experiência com jovens viciados em drogas nas periferias de Nova York. A principal característica é a ideia de efusão do Espírito Santo e Novo Pentecostes, bem como dos dons espirituais (em especial, destacam-se as curas, o exorcismo e a glossolalia), tal movimento se espalhou rapidamente por varias comunidades católicas pelo mundo inteiro.


Em geral, os princípios norteadores do movimento carismático católico em nada diferem da doutrina oficial da Igreja, a não ser em questões mais específicas como as ideias de glossolalia e outros dons espirituais que são manifestados nos encontros.


Em relação a esse movimento há um documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que orienta sobre alguns aspectos da renovação carismática, apesar do papel que tem exercido na renovação do catolicismo, há alguns abusos cometidos, uma vez que o movimento surge como uma forma de comunidade paralela às comunidades paroquiais, e em alguns casos como se fossem independentes da autoridade eclesial.


A Igreja precisa superar a dicotomia carisma-libertação e assumir como tarefa a responsabilidade com o mundo em que vivemos, não de forma conservadora no sentido de cristalização, mas como uma instituição compromissada com o homem de forma integral, longe dos devocionismos paralisantes que se estribam numa experiência puramente individualista da fé, bem como de ativismos pseudo-religiosos fundados em uma suposta revolução social, que muitas vezes pode se assentar no secularismo e no materialismo marxista.


Francisco José da Silva é mestre em Filosofia - UFC Cariri

 

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