[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] 1000 dias na floresta
Expedição Cocó 06/08/2012

1000 dias na floresta

notícia 3 comentários
{'grupo': ' ', 'id_autor': 16329, 'email': 'demitri@opovo.com.br', 'nome': 'Demitri T\xfalio'}
Demitri Túlio demitri@opovo.com.br
Fco Fontenele
Compartilhar

 

Sempre haverá um menino à espreita de uma floresta: seus bichos, suas árvores, seus invisíveis que nos olham. Decifrá-la. Ouvir histórias vindas de lá, fantasiar mistérios, lendas, saber dos animais, de outros seres, da enigmática vida das plantas. Refazer a importância da mata no território urbano, retomar o caminho de volta e se reintegrar ao que nos apartamos em algum momento...


Assim nasceu a vontade de conceber a inédita e reveladora Expedição Cocó. Um registro jornalístico, em grande reportagem, do que nos habita o mangue do Cocó. O último refúgio de floresta que resiste, descontínuo, ao lado de um rio de aldeia e que se encontra com o Atlântico. Mata exuberante que remoça, mesmo fragmentada entre avenidas, esgotos, prédios e janelas de Fortaleza.

 

No Bastidores da Notícia, no programa Grande Jornal, o repórter especial Demitri Túlio falou sobre o caderno Expedição Cocó, publicado nesta segunda-feira, no O POVO.

Por três anos, na companhia de uma máquina Canon, de lentes e de uma mochila, me embrenhei mata adentro pelo que ainda resta do bioma. Um ponto verde detectado pelo satélite no miolo de uma das metrópoles brasileiras e seus dilemas contemporâneos da urbanidade.


Nem sempre estive nas poucas trilhas sinalizadas dos 1.151,2 hectares do Parque Ecológico do Cocó. Sol ou chuva, dia a dia, mês a mês, em horários não convencionais, andei debaixo das copas dos mangues brancos, pretos e vermelhos. Árvores de 5 a 12 metros, que existem numa média de 3.718 exemplares por hectare.


Porque sofremos com o mal do deste século - a violência urbana - em alguns cantos falta ainda chegar, montar paciência, fotografar, anotar. Inclusive à noite. Para que se decifre o presente e se mapeiem prospecções. Por enquanto, os caminhos explorados estão esquadrinhados no entorno do ecossistema que tem como marco de partida a avenida Sebastião de Abreu, no bairro do Cocó.


Um mundo pouco decifrado, em suas minúcias e particularidades, pelas universidades e, infelizmente, ainda tratado como “mato” por boa parte de quem nasceu metropolitano. O “matagal fedorento do mangue do Cocó”, é ameaçado, a qualquer tempo, de ser abatido para dar lugar a um novo empreendimento.


Como há 40 anos, quando a fauna e a flora dali deram lugar a uma grande salina: a da família Diogo. Das consequências, segundo publicação de 2006 do próprio Governo do Estado, a alteração do curso do rio Cocó para que embarcações pudessem navegar e escoar a produção de sal.


Das idas e vindas pelo Cocó, a surpresa de fotografar 77 pássaros diferentes que habitam ali ou que chegam, em certas épocas do ano, vindos da Colômbia, Venezuela, EUA e Canadá. Fora o que escapou do clique.


O encanto de descobrir que bem perto de nós, entre o mar de carros, pressa e prédios, vivem e se reproduzem pelo menos três espécies de pica-pau que ocorrem na Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. São vários os registros do cotidiano do pica-pau-barrado, do pica-pau carijó e do pica-pauzinho anão. Este último endêmico do semiárido nordestino. Pássaros de boniteza desenhada, mas também prestadores de serviços ambientais para a metrópole. É deles a função natural de controlar, por exemplo, insetos que não desejamos dentro de casa ou apartamento.


Da captura de imagens de gaviões, pelo menos cinco tipos, e seu dia a dia na mata a espera de uma presa: sapos, jiboias, cobra verde ou pequenos pássaros. E por falar em passarinhos, é impagável ver o sibite-relógio ou teque-teque (o som se assemelha a de um ponteiro dos minutos) construir o ninho ao lado da fêmea. Um casal de engenheiros de primeira que chegam a costurar, em círculos, a morada reciclável. Temos o que aprender com eles. Talvez seja o mais miúdo dos pássaros do Cocó, mas casa é comprida para impressionar e despistar o predador.


O POVO apresenta em dois cadernos, hoje e no próximo dia 13, o resumo de três anos de uma expedição jornalística na floresta do Cocó. São milhares de flagrantes da vida além do asfalto. Outros reinos dentro da metrópole e um universo paralelo que cruzamos sem perceber.


Uma cartografia de imagens e diários de campo do repórter. Na primeira reportagem, pássaros, borboletas e outros insetos. Na segunda publicação, crustáceos, anfíbios, répteis e peixes. Além disso, o leitor vai se deparar, em cada página, com uma fotografia de lixo. Registros que acusam o descarte de centenas de marcas ao longo da floresta. Uma denúncia e, ao mesmo tempo, alerta para o exercício, de fato, da responsabilidade social e sustentabilidade.


Expedição Cocó é antes uma provocação para quem vive nas capitais brasileiras. Eis o dilema contemporâneo: consumir desejos, vontades e necessidades e ter de ser sustentável para continuar existindo.


Boa leitura!


BELEZA


Eis a síntese do nosso mais nobre pedacinho de natureza. É o que se revela da aventura, ainda em construção, do jornalista Demitri Túlio, pela floresta do Cocó. Nesta primeira etapa, foram cerca de 1000 dias, que resultaram no recorte de dois especiais que O POVO oferece à leitura

 

DE ENCHER OS OLHOS


PODE PASSEAR!


O projeto gráfico da série Expedição Cocó se aproxima dos álbuns de viagem, sejam eles cartográficos, etnográficos ou antropológicos. A registrar a valorização da imagem. Não apenas em sua natureza estética, mas, sobretudo, na sua condição documental e científica. No caso, a ciência do Jornalismo.


O formato horizontal traz implícito um convite para a entrar pela trilha e se aventurar. A foto, em dimensão ampliada, surpreeende o campo ocular, enche a retina e tenta se aproximar da experiência que é estar no meio do parque, o Cocó, nossa floresta.


A tipografia faz um riscado nas páginas como se fossem placas de madeira a orientar o passeio. Tenha calma, não olhe, veja. Em cada detalhe, a expedição se reinventa e recomeça.


Compartilhar
espaço do leitor
Antonio Sergio 07/08/2012 12:53
Excelente iniciativa que parte do AMOR à Natureza, nossa casa, nossa mãe. Gigantesco parabéns Demitri, você que disse que já era do Movimento Pró-Árvore há muito tempo !
Fátima Abreu 06/08/2012 15:52
Maravilhoso. O Povo sempre foi a minha referência como jornal. Demitri é muito dedicado e ama o que faz. Grande abraço pra vc.
Vereador Eron Moreira 06/08/2012 07:36
Parabéns ao Jornal O Povo por tão importante iniciativa, pois mais do que Leis de Preservação do Meio Ambiente, trabalhos como esse marcam a história e por si só chamam a sociedade para a reflexão: "Verde, que te quero ver verde, sempre"...
3
Comentários
300
As informações são de responsabilidade do autor:

o povo online

Participe desta conversa com @opovoonline

  • Em Breve

    Ofertas incríveis para você

    Aguarde

Erro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje

Erro: maximum recursion depth exceeded while calling a Python object

ACOMPANHE O POVO NAS REDES SOCIAIS

Erro ao renderizar o portlet: Barra Sites do Grupo

Erro: <urlopen error [Errno 110] Tempo esgotado para conexão>