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Historiadores apontam que a próxima revolução que impactará as empresas não será fundada na ciência e nem na tecnologia. Ocorrerá no plano da espiritualidade. Não no sentido religioso. Mas na busca do transcendental, de experiências fora do campo existencial do dia a dia, de relações harmônicas com a natureza, de ligações genuínas entre pessoas e da elevação do nível de consciência social. Mas o tema ainda soa postiço para o mundo dos negócios: há compatibilidade entre espiritualidade e lucratividade?
No contexto do trabalho, a espiritualidade não está ligada a Religião. Representa uma nova forma de humanização do trabalho e de autorealização no ato de trabalhar. Empresas que adotam uma cultura espiritualizada reconhecem que as pessoas possuem uma vida interior, que alimenta e é alimentada por um trabalho com significado e propósito. Assim, a organização vem estabelecer-se como mais uma instituição provedora de sentido e de busca por identidade social pelo trabalho.
Essa perspectiva organizacional vincula-se a uma postura humanista diante do mundo e tem posto em cheque o mito da racionalidade, em que a empresa bem gerida precisa se libertar de sentimentos. A gestão tem evoluído para modelos participativos, descortinando campos para investimentos afetivos, emocionais e espirituais. Muitas empresas têm adotado a axiologia transcendental, priorizando valores como paz interior, respeito e equilíbrio entre vida profissional e privada.
Organizações espiritualizadas possuem um forte sentido de propósito. Nelas o lucro, embora importante, não constitui o valor essencial. As pessoas gravitam em torno da sua efetiva contribuição para transformar a sociedade. Essas empresas não são meras provedoras de emprego. Valorizam o ser humano e nelas predominam a confiança e o respeito mútuos, não havendo espaço para abusos e assédios morais. Adotam práticas humanistas no trabalho, como horários flexíveis, recompensas coletivas, limitação de diferenças salariais e de status, autonomia dos funcionários e garantia de direitos trabalhistas. Não impedem a expressão das emoções e dos sentimentos das pessoas, que podem fazê-lo sem medo de reprimenda.
Apesar das vantagens, o tema ainda é visto como paradoxal. De um lado, acirram-se as formas de precarização do trabalho (instabilidade, desemprego, terceirização). Do outro, consolida-se a gestão baseada na escuta, na flexibilidade e na participação. Ao gestor de RH cabe discernir como essa variável pode ser introduzida na empresa diante da dimensão conflituosa: lucro versus apropriação de valor versus humanização. Embora não elimine a precarização do trabalho, a cultura da espiritualidade funciona como uma condição mitigadora dos seus efeitos.
Pádua Araujo
PhD em Administração e professor da UniforErro ao renderizar o portlet: Caixa Jornal De Hoje
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