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BNB 22/06/2012

Ferraro quer ser apenas interino e diz que desafio é a seca

Paulo Sérgio Ferraro afirma que não pretende seguir na presidência do Banco do Nordeste. Admite ter sido indicado pelo petista Jacques Wagner para diretoria do BNB e que instituição nunca esteve tão bem em 60 anos
FÁBIO LIMA
Paulo Sérgio Ferraro, durante entrevista na sede do BNB
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A pretensão do baiano Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, de 51 anos, é de seguir apenas como interino na presidência do Banco do Nordeste. Isso pode ser descrito por sua revelação ao final da entrevista dada ontem ao O POVO. Até aquela hora, fim da tarde, Ferraro nem sequer havia sentado na cadeira principal da sala. Optou por despachar somente na mesa de reunião.


Na agenda, chegou a realizar ontem uma reunião de planejamento com os demais diretores, decidiu sobre o processo seletivo interno para escolher um novo superintendente no Maranhão e atendeu jornalistas ali mesmo. A cadeira de presidente permaneceu intocada desde a renúncia de Jurandir Santiago do cargo, no tão conturbado dia anterior de quedas e tensões dentro do banco. “Só pretendo ser interino mesmo”, reforçou Ferraro. O novo presidente do BNB tem 35 anos de carreira na instituição e desde 2007 é diretor de negócios. Já tem tempo para se aposentar e pretende fazer isso em breve. “Quero ver a Copa (de 2014)”.


Admitiu ter chegado ao posto de diretor por indicação do governador da Bahia, o petista Jacques Wagner. “Temos um grande desafio este ano que é a seca no Nordeste. São 40 anos sem uma seca desse porte”. Em números e resultados, Ferraro diz que o banco nunca esteve tão bem em 60 anos de existência.


Sobre a saída de dois diretores (Isidro Moraes de Siqueira e Sydrião Alencar), afastados simultaneamente pelo Conselho Administrativo junto à renúncia de Jurandir Santiago, ressalta que ambos nem são citados nas apurações internas de denúncias de empréstimos irregulares. “Foi uma decisão estratégica do governo federal”. Ferraro contou ter recebido às 12h30min de quarta-feira a ligação do presidente do Conselho de Administração do banco, Dyogo Henrique de Oliveira, avisando-lhe da nomeação. Ninguém do Ministério da Fazenda o procurou até agora. Quando recebeu a notícia de que assumiria o BNB, mesmo experiente na casa, revelou ter “tremido”. A seguir, os principais trechos da entrevista, concedida em seu novo gabinete no Centro Administrativo do Passaré.


O POVO - O que o senhor pretende fazer como presidente?

Ferraro - Eu vou começar dizendo da nossa interinidade, que ela cumpre uma determinação estatuária da empresa. O Conselho de Administração, em função do pedido da renúncia do presidente Jurandir (Santiago), tem a necessidade de botar um dos diretores interinos até a definição do presidente da instituição. Até 30 dias, estatutariamente, é uma decisão disso. Depois, o Ministério da Fazenda pode prorrogar esse período até a definição. Pode acumular.

O POVO - Qual foi sua reação ao receber o convite para assumir a presidência?

Ferraro - Minha primeira reação foi de surpresa, natural, como qualquer ser humano, de ansiedade. Mas o que a gente vai buscar aqui é o equilíbrio, para tomar as atitudes que tiver que se tomar com lisura, primeiramente, levando em consideração que estamos tratando com uma instituição que é acima das pessoas. Nosso objetivo é preservar a instituição em qualquer cenário que venha a ser colocado à disposição da presidência do banco.

O POVO - Qual é hoje a sua missão nessa interinidade, diante do afastamento de um presidente titular e do afastamento de dois diretores?

Ferraro - Na realidade, o pedido de renúncia do presidente foi por decisão pessoal, para preservar a instituição em assuntos que não se referem ao banco. Não vinculo a saída dos dois diretores a nenhuma questão anterior. É uma decisão estratégica do Governo Federal, que pode ser feita a qualquer momento na instituição.

OP - Embora haja citações de indícios deles ligados a supostas irregularidades?

Ferraro - Desconheço. O comitê de auditoria do banco, que não é ligado à direção do banco, é ligado ao comitê de auditoria, está apurando os fatos e, até o momento, nenhum dos diretores está nem citado nos processos.

OP - O que o senhor tem a dizer sobre o papel do banco para a Região e para o ambiente bancário do País, para o momento de seca da Região?

Ferraro - Eu posso dizer com firmeza que o banco não esteve tão bem (como agora) na sua história de 60 anos, até porque eu faço parte dela há 35 anos. Isso não é dito da boca pra fora, são todos os ratings que avaliam o desempenho da liquidez do banco. O instrumento maior que nos rege, que é o Fundo Constitucional (FNE), vem crescendo nesses últimos anos. Chegamos a R$ 1 bilhão em 2003 para R$ 11 bilhões em 2011. Isso representa dez vezes mais. O que é mais importante, o FNE vem de uma origem por lei, representa anualmente R$ 4,6 bilhões. Como é que se aplica R$ 11 bilhões recebendo R$ 4,6 bilhões? É exatamente porque o fundo cumpre seu verdadeiro papel, que é retroalimentado por sua própria liquidez. Ou seja, nós recebemos do que vence do FNE todo ano, que retroalimenta o fundo, e isso aumenta em R$ 6 bilhões por ano a aplicação. O que mostra que esses recursos estão vindo sólidos, eles estão sendo pagos e retornando para novos negócios. Isso faz a diferença a ponto de que o Nordeste está crescendo acima da média do Brasil O fundo já não é suficiente para atender a demanda do desenvolvimento do Nordeste.

 

OP - O senhor foi uma indicação do governador da Bahia, Jaques Wagner?

Ferraro - Eu tenho uma proximidade com o governador. Fui uma indicação, como foi natural de todos. Mas, no momento, como presidente em exercício, como volto a repetir, foi o Conselho de Administração, foi uma decisão estatutária.

OP - Sua proximidade é apenas pessoal?

Ferraro - Só da indicação, mas nada de pleitos, de pedidos.

O POVO - As influências políticas atrapalham, já que a imagem do banco passa essa situação?

Ferraro - Não enxergo assim. Pelo menos, na minha vivência do dia a dia, como diretor da instituição, não vejo nenhum tipo de influência nas nossas decisões das ações do banco.

OP - Mas o banco é disputado. O senhor é indicação política, o anterior era, o seguinte ou o senhor será. Isso é uma realidade.

Ferraro - O banco é o 8º maior ativo bancário do Brasil. Ou seja, é um banco com capital para desenvolver a Região e por ser um banco múltiplo, com capital majoritário do Governo Federal, ele realmente é disputado, mas não a ponto de influência no processo de crédito dos negócios da instituição. A disputa é até se nomear, depois passa a ser uma rotina de técnico da instituição produzindo o seu trabalho no dia a dia.

OP - A seca está atrapalhando hoje a recuperação de dívidas?

Ferraro - O banco hoje tem um ativo quantitativo de mais de 70% com projetos até R$ 100 mil. Ou seja, mostra a pulverização do crédito quantitativamente em pequenos produtos, em pequenos empresários. As medidas tomadas para corrigir o endividamento vem por consequência também com a possibilidade de novos créditos para que esses produtores rurais continuem sendo mantidos nas suas regiões. Isso é um programa social de alta relevância, porque são 40 anos que não tem uma seca desse porte na Região. Nós temos que trabalhar investimentos de convívio com a seca.

OP - A situação pela qual o banco passa o desgasta internamente, administrativamente? Qual a capacidade do Banco de gerar resultados hoje?

Ferraro - Os resultados a gente persegue, perseguiu e vai continuar perseguindo sempre de crescimento. Nós crescemos nesses primeiros cinco meses, em relação ao mesmo período do ano passado, 30% em quantidade de operação. Em valor absoluto, a gente está com defasagem, mas, até 30 de junho, a gente se mantém no mesmo patamar de aplicação do mesmo período do ano passado.

OP - O Banco do Nordeste completa 60 anos agora, num contexto diferente. Qual o banco que o Nordeste precisa hoje?

Ferraro - Fomentar o desenvolvimento regional, diminuir a desigualdade no Nordeste em relação ao Brasil. Temos que ser um banco também complementar ao desenvolvimento do banco comercial para que os resultados desses negócios não saiam do Nordeste.

OP - Qual é a sua relação com o governador Cid Gomes?

Ferraro - Conheço, é um relacionamento só de eventos que eu participei, representando o banco em algumas ocasiões. Conheço não a ponto de ter um relacionamento pessoal.

OP - O que o senhor vê de demanda para o Ceará hoje?

Ferraro - O Ceará tem a siderurgia, tem indústria, tem a questão portuária. Lógico que o nosso foco é esse. A partir da decisão estratégica dos estados em que a iniciativa privada se sinta a vontade, o banco será um agente fomentador.

OP - O Governo Federal tem dado a atenção devida ao BNB?

Ferraro - Do meu ponto de vista, nós estamos sendo muito bem servidos e atendidos pelo Ministério da Fazenda.

 

E agora


ENTENDA A NOTÍCIA


Por regra estatutária do BNB, Paulo Sérgio Ferraro deverá ficar no cargo de presidente interino por até 30 dias. Ou mais, se o Ministério da Fazenda assim decidir. A presidente Dilma Rousseff teria marcado para a próxima semana uma reunião para decidir os rumos do banco.

 

Multimídia


A crise no Banco do Nordeste (BNB) foi o Tema do Dia na cobertura de ontem dos veículos do Grupo de Comunicação O POVO. Confira:


Para ver - A TV O POVO trouxe uma matéria sobre a greve dos motoristas e cobradores de ônibus no O POVO Notícias. Veja o vídeo na página da TV O POVO no Youtube. www.youtube.com/user/tvopovo

 

 


Para escutar – Na rádio O POVO/CBN (AM 1010), o repórter Andreh Jonathas, que participa da cobertura sobre a crise no BNB, comentou sobre as investigações em andamento no Revista O POVO/CBN. http://bit.ly/MHi4Iz


Para ler e opinar – Acompanhe a repercussão entre os internautas na página do O POVO Online no facebook (http://on.fb.me/LmiapI) e no portal O POVO Online (www.opovo.com.br/economia)

 

Saiba mais


Cotados para a presidência do BNB


Eduardo Martins – Cearense, funcionário do Banco do Brasil, apadrinhado de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Foi demitido em abril do cargo de diretor comercial da seguradora BB-Mapfre.


Fernando Passos – 29 anos, diretor Financeiro e de Mercado de Capitais. Tem o apoio de Renan Calheiros e de Michel Temer (PMDB)


João Melo – Secretário geral do PMDB-CE. Técnico de carreira, presidiu o banco de 1992 a 1995. Nome de Eunício Oliveira.


Paulo Sérgio Ferraro – Diretor de Negócios desde 2007 e agora presidente interino. Baiano, ingressou no banco em 1977. Apadrinhado de Jaques Wagner (PT-BA). Nega que queira ficar no cargo.


Pedro Brito - Ex-ministro da Integração Nacional e dos Portos, já foi presidente do BEC e superintendente financeiro do BNB. O POVO apurou que ele tem reunião no Planalto nos próximos dias. Já foi aliado dos Ferreira Gomes, mas não é mais.


Luiz Carlos Everton de Farias - Diretor de Recursos de Terceiros, nome defendido pelo PT do Piauí.

 

Andreh Jonathas andreh@opovo.com.br
Cláudio Ribeiro claudioribeiro@opovo.com.br
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espaço do leitor
Clara 22/06/2012 13:18
Esqueceram de perguntar sobre os concursados que esperam a quase um ano por uma mísera convocação, enquanto o banco está inundado de terceirizados ilegais, fato confirmado pelos orgãos competentes..
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roberto mendonca 22/06/2012 09:32
O importante é a nova diretoria retirar das superintendências e gerências de ambiente do Passaré todos aqueles que foram alí colocados politicamente, tais cargos têm que ser preenchidos tecnicamente. Muitos foram colocados por políticos e bajulismos. Isso é indispensável para moralização do BNB
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roberto mendonca 22/06/2012 09:31
O importante é a nova diretoria retirar das superintendências e gerências de ambiente do Passaré todos aqueles que foram alí colocados politicamente, tais cargos têm que ser preenchidos tecnicamente. Muitos foram colocados por políticos e bajulismos. Isso é indispensável para moralização do BNB
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