[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Confronto das ideias | DOM. | O POVO Online
opiniões.dom 22/11/2015

Confronto das ideias

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O câncer de próstata é o segundo que mais atinge homens no Brasil. A falta de conhecimento é a pior causa para o cuidado com a saúde?

SIM
O câncer de próstata é a segunda neoplasia mais presente entre os homens no Brasil e é o sexto em números absolutos. Estima-se que, em 2014, foram cerca de 68.000 novos casos no Brasil, matando cerca de 13.000 homens em 2013. A incidência desse tipo de câncer vem aumentando no Brasil. Em 1979, a incidência era de 3,73/100.000 habitantes e alcançou incríveis 70,42/100.000 habitantes em 2014. Assim como a incidência, a mortalidade vem crescendo de forma contínua nesses anos, sendo as causas: o aumento da expectativa de vida, o envelhecimento da população, a melhora nos métodos diagnósticos e dos sistemas de informações em saúde.

 

A detecção precoce é a principal estratégia de combate ao câncer de próstata. Ora, o preconceito contra a realização de toque retal em nossa sociedade ainda é muito grande. Estima-se que apenas 30% dos homens tenham feito o exame em nosso meio. Isso se deve, no meu entendimento, ao medo, ao desconhecimento e ao preconceito que os homens têm em relação ao exame, sendo encarado como uma afronta à masculinidade, principalmente no Nordeste do Brasil.

 

Em estágios iniciais, o câncer de próstata tem cura em cerca de 95% dos casos, e, em casos mais avançados, cai para 10-20%. Já que a detecção precoce permite um tratamento mais efetivo e curativo, é lógico que qualquer ação que atrase esse diagnóstico impactará negativamente na mortalidade desse câncer. Existe uma grande diferença de incidência de câncer de próstata entre as regiões do Brasil (Região Sul: 80/100.000, região Nordeste 40/100.000), que não pode ser explicada apenas pela diferença de características da população ou de expectativa de vida. Então, infere-se que muitos dos casos de câncer de próstata não são notificados/diagnosticados e muitos dos óbitos desses pacientes são atribuídos a outras causas.

 

Apesar de não possuirmos dados que confirmam essa hipótese, o preconceito e o desconhecimento são dois dos principais fatores responsáveis pela mortalidade do câncer de próstata.
Alexandre Saboia
alexsaboia@gmail.com
Urologista do Hospital Universitário Walter Cantídio/Ebserh e mestre em cirurgia pela UFC

NÃO

Associar a falta de conhecimento à mortalidade do câncer de próstata nos dias de hoje não é possível. Segundo o Ipece, comparando os dados de 2000 com os de 2013, o índice de analfabetismo no Estado do Ceará caiu 34%. Hoje, a população de analfabetos é de 6,1%. Portanto, atribuir falta de conhecimento seria uma hipótese provável há 30 anos. Vivemos uma geração de informação e disseminação de conhecimento muito rápido! Atualmente, temos rádio, televisão, jornais impressos, mídias digitais e redes sociais que levam informações aos locais mais distantes deste país muito rapidamente. A educação não foi indiferente ao desenvolvimento da comunicação e cada vez mais se usa o ensino a distância (EaD).

 

Tudo isso fica muito claro quando analisamos um estudo feito na Universidade Estadual do Rio de Janeiro que avaliou homens com idade entre 40-70 anos de uma unidade básica de saúde (UBS). Nesse estudo foi observado que 6,6% eram analfabetos; a despeito do grau de escolaridade, 86,9% sabiam da importância de realizar anualmente os exames da próstata. Todavia, o dado mais importante, na minha opinião, é que 60% desses homens não fazem seu exame anual! Foi apontado como causa de não ir ao médico a falta de tempo, alegando sua posição de arrimo de família.

 

Relatou-se, ainda, que o horário de funcionamento das unidades de saúde coincide com o seu horário de trabalho. Muitos desistiam por longas filas e espera para marcar consulta que provocavam falta ao trabalho sem que se resolvesse sua demanda (exames da próstata).
Sendo assim, a falta de informação não pode ter relação causa/efeito com a mortalidade de câncer de próstata. Para se otimizar o diagnóstico precoce do câncer de próstata e reduzir a mortalidade por essa enfermidade, há que se implantar a política nacional de saúde masculina. Suas diretrizes atenderiam as queixas citadas pelos homens e aumentariam o número de pacientes examinados

 

Ricardo Reges
ricardoreges@me.com
Urologista do Hospital Universitário Walter Cantídio/Ebserh, professor da Faculdade de Medicina da UFC doutor em Urologia pela Unicamp
 

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