[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Papa Francisco, a versão 2.0 do Papa Bento | DOM. | O POVO Online
espiritualidade.dom 19/07/2015

Papa Francisco, a versão 2.0 do Papa Bento

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Apesar das abordagens midiáticas contrárias e das mitologias que estão sendo criadas em torno do Papa Francisco, ele tem muito mais aspectos comuns com Bento XVI do que discrepantes. Na verdade, a melhor forma de apresentá-lo seria como “Bento 2.0”, uma vez que reapresenta as posições básicas de seu predecessor, mais cerebral, com um jeito mais acolhedor e popular.

 

O lançamento da Encíclica sobre o meio ambiente, Laudato si, pode ser considerada a prova que faltava. Será que abraçar a luta contra a mudança climática ou pelo salvamento das florestas tropicais ou pela proteção do meio ambiente são posicionamentos contrários aos de Bento XVI? Pelo contrário, Bento XVI ficou famoso por promover a instalação de painéis solares sobre um salão de audiências do Vaticano e por ter feito do Estado do Vaticano o primeiro Estado europeu livre de produção de carbono, evidenciando, assim, suas fortes preocupações ecológicas.

 

Em um discurso ao parlamento alemão, em 2011, Bento XVI afirmou que o surgimento do movimento Ecológico na Alemanha na década de 70 fora “um grito por ar fresco, um grito que não pode ser ignorado nem deixado de lado”. É bem verdade que Bento XVI procurou abordar as questões ambientais de um modo católico e o Papa Francisco tem dado sinais de que está pensando do mesmo jeito.

 

Na curta entrevista com os jornalistas que o acompanhavam no avião papal, de regresso da viagem à Bósnia, Francisco anunciou que sua próxima Encíclica sobre o meio ambiente trataria, entre outros aspectos, do relativismo, que descreveu como um “câncer da sociedade” (de modo análogo, Francisco também chamou o consumismo de “câncer”).

 

Relativismo é uma posição filosófica que sustenta que não há regras morais absolutas, porque tudo é relativo às circunstâncias particulares e individuais. No nível popular, refere-se a uma moral “vale tudo” em oposição ao ensinamento católico tradicional.
Pode parecer estranho Francisco utilizar um documento ambiental para levantar um debate sobre filosofia moral, mas é aí que ajuda compreender a continuidade entre Bento XVI e Francisco.

 

Para Bento, o ambientalismo secular é o caminho mais promissor para a recuperação de um sentido de “lei natural”, significando que a ideia de certo e errado, verdade e falsidade, são características reais na natureza. Muitos pensadores católicos, inclusive Bento XVI, temem que a lei natural tenha sido suplantada na mente popular tanto pelo relativismo como pelo positivismo. Bento acredita que o ambientalismo está levando as pessoas de volta à ideia de lei natural, pois prova que o limite sobre o que os seres humanos podem fazer não são arbitrários, mas absolutos.

 

“Nós não podemos simplesmente fazer o que quisermos com essa terra que nos foi confiada, nós temos que respeitar as leis internas da natureza, dessa terra, se quisermos sobreviver”, Bento disse em 2007, antes de continuar, “nós podemos aprender a escutar também a natureza humana, descobrindo leis morais que ficam acima do nosso próprio ego”. Bento chamou isso de uma “passagem secular” para a formação da consciência. Os comentários de Francisco sobre relativismo indicam um pronunciamento semelhante, tratando ambientalismo como uma causa social importante, e um momento de ensinamento moral.

 

Alguém poderia continuar catalogando as ligações entre Francisco e Bento. Recentemente, por exemplo, Francisco devotou uma de suas homilias a insistir que os cristãos não devem enfraquecer sua identidade, alertando contra a influência de “Gnósticos modernos” e contra uma “religião insípida composta apenas de orações e ideias”. Por meio da história da salvação, disse Francisco, Deus levou a Igreja progressivamente de “ambiguidades” a “certezas”.

 

Se fechasse os olhos, você poderia facilmente acreditar que estava ouvindo Bento XVI. Laudato si parece destinada a ser o mais recente capítulo desta afinidade entre Bento e Francisco, cuja questão chave é se a apresentação mais encantadora de Francisco permitirá outra vez que a “versão 2.0” da mensagem tenha um impacto maior.

 

JOHN L. ALLEN JR, é reconhecido como um dos maiores especialistas mundiais em Vaticano e Igreja Católica

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