O Pirambu é um dos 15 bairros da Regional I, ao lado do Cristo Redentor, da Jacarecanga, do Carlito Pamplona e da praia da Leste Oeste. A aglomeração de 42.878 pessoas (Censo de 2010, IBGE), já foi identificada como “a sétima maior favela do País”, com todas as mazelas implícitas. Mas o Pirambu é também (e principalmente) reconhecido pelos afetos dos moradores que nasceram no bairro ou que o viram crescer.
“É um bairro onde todo mundo lhe acolhe. E é muito bom pra ganhar dinheiro, as pessoas daqui valorizam o trabalho da gente”, traça a cabeleireira Jacqueline Damasceno, 42, filha do Pirambu. Desde que a nora abriu o salão na vizinhança, há mais de 20 anos, Maria de Lurdes Damasceno, 80, tornou-se cliente. E garante: não foi por causa do parentesco. “Jacqueline cuida de noivas, faz penteados pra Primeira Comunhão”, considera.
Dona Lurdes costuma frequentar o salão de beleza sempre. “Porque, pela minha profissão, tenho muito conhecimento no bairro”, diz. Parteira “formada pelo César Cals”, emoldura, fez incontáveis nascimentos em domicílio e até hoje recebe convites para batizados e Eucaristias. É uma das memórias do Pirambu, moradora da mesma casa, na rua Nossa Senhora das Graças, desde 1954. “Chegamos aqui era areia, morro. Depois, botaram raspa e madeira pra poder os carros passar. Só passava jipe. Depois, veio a piçarra. Depois que veio o calçamento e depois que veio a pista”, refaz.
O Pirambu vive sem pressa. Uns conhecem os outros, cumprimentam-se, trazem notícias junto com o pão da tarde. Pelas brechas do portão, a rua entra no salão de beleza. E os salões do bairro, imprensados entre cotidianos, têm seu charme, seus preços atrativos, suas conversas fiadas.
Para Mariana Feitosa de Lima, 19, nascida e criada no Pirambu, um salão próximo “é bem mais acessível”. Em uma tarde de quinta-feira, ela retocava a escova inteligente no Studio Régis Sampaio, pelas mãos de um amigo da família. Confiar no profissional é um critério de escolha. A dona de casa calcula gastar entre R$ 200 e R$ 250 na manutenção da vaidade; o marido paga a conta do cabeleireiro. “Tento ser vaidosa!”, ri.
Na outra ponta da idade, dona Lurdes também não descuida do corte e nem da pintura do cabelo. Aos 80 anos, não descuida de si por uma razão muito simples: “Eu me amo. Não é se achar bonita, mas eu me amo e gosto de andar direitinha”.
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