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Já se vão mais de 30 anos desde que Carlos Alberto tentou convenceu o sisudo Zé Bezerra a fazer uma roda de samba em seu pequeno bar, no Parque Araxá. Na época, o comerciante boa praça, mas também famoso por distribuir comentários pouco gentis aos fregueses mais obtusos, embora reticente à ideia acabou caindo na conversa. Com o tempo, de observador desconfiado virou entusiasta – ao ponto de ter pedido ao próprio Carlos Alberto (que já virara Carlão no imaginário do mundo do samba cearense), dias antes de sua morte, que preservasse o samba no local. E assim tem sido. Domingo sim e outro também, Carlão pilota uma das mais tradicionais rodas de samba de Fortaleza.
“O pessoal fala muito do Samba da Mocinha, que é um espaço muito importante para o samba, eu inclusive fui um dos fundadores de lá. Mas o samba do Zé Bezerra é mais antigo, tem pra mais de 30 anos”, conta. Com a morte de Zé Bezerra, sua filha Regina assumiu o comando do bar e, com o falecimento dela, uma outra filha, Célia, vem tocando o espaço. Sempre tendo Carlão como fiel escudeiro para as coisas do samba. “Ali é minha casa. Há momentos em que a gente discute, um fica meio chateado com o outro, eu digo que não vou mais andar por lá, mas logo eu volto. Não aguento ficar longe. Gosto muito de todos ali”, conta o operador de raio-x que, nos dias de folga, também se espalha pela Cidade em outras rodas de samba (do Dona Chica ao Raimundo dos Queijos; do Buraco da Lúcia ao Boteco do Arlindo).
O espaço do Zé Bezerra é simples, mas a cerveja é gelada e o tira-gosto, decente. O bar fica no coração do Parque Araxá próximo ao trilho que divide as avenidas 13 de Maio e Jovita Feitosa. Em 2009, virou patrimônio cultural de Fortaleza, numa iniciativa do vereador Acrísio Sena (PT). Uma homenagem justa a um espaço que, sob a batuta de Carlão, formou tanta gente para a arte do samba.
Democrático, o Zé Bezerra é uma roda de samba sempre aberta a novos músicos. E essa foi, durante muito tempo, uma das grandes virtudes do local. Hoje, infelizmente, alguns músicos mais jovens vem tentando tirar o lugar do choro e do samba – atacando com um pagode de gosto o mais duvidoso possível. Por isso, a dica é chegar por lá logo no início da tarde, quando é a velha guarda que está no comando da música. Mais para o fim da tarde, e eu torço que não por muito tempo, a coisa tem ficado meio estranha, sem a beleza de grandes rodas de samba que este colunista presenciou tantas vezes por lá.
O que me faz lembrar de Nelson Rodrigues em sua implacável sabedoria: “Jovens, envelheçam!”
RADIOLA DE FICHA
Qualquer disco de Candeia é um disco obrigatório pra quem gosta de música brasileira. Esse Axé, de 1978, é o mais obrigatório de todos.
PATRIMÔNIO CULTURAL
Desde 2009, o samba do Zé Bezerra é, oficialmente, patrimônio cultural de Fortaleza
Serviço
Zé Bezerra
Onde: Rua Dom Manuel de Medeiros, 71 - Parque AraxáHorário de funcionamento: Sábados, domingos e feriados, de 11h às 20h
BREVIÁRIO BOÊMIO
MOACYR LUZ
“A abrideira no balcão de mármore /Dentro do pirão, uma corvina, um azulão / E a feijoada desenhando o sábado /Cozido à brasileira, no domingo e quarta-feira / (...) Depois de apaixonar pela batida do lugar: - A melhor! / Garçom de borboleta / Escrito a giz na tabuleta:/ - Mocotó!” “Delírio da baixa gastronomia”, música do cantor e compositor e Moacyr Luz
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