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Sentadas em um semicírculo que praticamente enche a sala, as 22 mulheres, todas elas com mais de 60 anos, cantam a plenos pulmões um bom dia muito animado. A cena seria impensável há quatro anos, quando a terapia assistida por cães chegou a elas como proposta na Casa de Nazaré, levada pela pedagoga e terapeuta Narriman Borges. Marcadas, muitas vezes, pelo abandono da família, as idosas não conviviam bem entre si e as brigas eram constantes. Ainda havia aquelas que não queriam participar, e as assistentes da casa tinham de buscá-las. “Hoje, tem até fila de espera e o clima entre elas é outro. As cadelinhas mudaram a relação delas umas com as outras e com elas mesmas. Estão mais tranquilas e amáveis”, narra a terapeuta.
“É apenas uma hora, nas segundas-feiras, mas vale para a semana inteira. Elas ficam mais receptivas a todas as outras atividades”, comenta a assistente social Camila Mesquita, enumerando que além da cinoterapia (abordagem com cães), as idosas participam de outras oito modalidades de tarefas, em um tratamento multidisciplinar. Mas é de Jully, Clarinha, Aninha e Nikita, a turma de cadelas terapeutas, que a senhoras gostam mais, atesta Maria Luiza de Oliveira, 60.
Camila descreve que os benefícios vão além da socialização. Por se tratar de uma atividade lúdica, em que os cachorros são abraçados, alimentados, vestidos, ou fazem companhia, as idosas veem o momento como uma brincadeira. “Isso abre um canal para que a terapeuta trabalhe a questão motora, o equilíbrio, a memória e a auto-estima. E elas fazem sem perceber e não se lembram de reclamar”, detalha.
Resultados
Pelo exemplo, a terapeuta vai trabalhando com as senhoras questões do dia a dia. Se alguma delas se recusa a comer ou a beber água, ela faz as cadelas comerem e beberam perto delas. Se não querem tomar os remédios, dá medicação de mentira para uma doença de brincadeira para os animais. Se têm vergonha da fralda geriátrica, as cadelas passarão algumas segundas de fralda. “Quando elas tinham, no começo problemas para se cuidar, trabalhei a autoestima no cantinho da beleza. Elas se arrumavam e enfeitavam as cachorras. Hoje, nem precisa mais”, comemora.
Maria Railda de Oliveira, 67, de unhas pintadas, cabelo penteado e aliança “só pra enfeitar a mão”, que ela não é casada, é exemplo. “A gente fica mais esperta, mais feliz, mais ativa. Ajuda na memória, a ter mais equilíbrio na hora de segurar o cachorro. Mudou muito. Pra mim, é uma hora que a gente passa brincando de boneca”, define.
Para que as cadelas passem, as idosas erguem as pernas e não as descem para não machucar as amigas de quatro patas. Para dar conta da brincadeira da bolinha, elas se abaixam para receber o brinquedo da boca das peludas. Para trabalhar lógica e percepção, elas colocam nas roupinhas das cadelas objetos cujas formas e cores se assemelham com as desenhadas no tecido. Vão exercitando mente e corpo como em uma brincadeira de criança.
“Me faz lembrar dos meus vira-latas que eu criava lá no meu Interior, eles eram carinhosos e aqui eu me lembro desse carinho. É muito bom a gente conviver com coisas que têm vida. Pra mim é sempre motivo de alegria, de bem-estar. A gente volta a ser moleca”, explica dona Maria Antônia Silva, 75. (Domitila Andrade)
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