[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Tratar ou sacrificar? | O POVO
Polêmica 26/05/2013

Tratar ou sacrificar?

Depositários dos protozoários causadores da leishmaniose, os cachorros são alvo de polêmica. Por muito tempo, a eutanásia animal foi utilizada como medida de controle da doença no Brasil. Para muitos, medida não é eficaz, já que a enfermidade avança
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Apesar de não transmitirem diretamente a doença para os seres humanos, os cães são alvo de polêmica por atuarem como depositários do protozoário leishmania. Em 2008, a Portaria Interministerial nº 1.426 determinou que ficaria proibido o tratamento de leishmaniose visceral canina com produtos de uso humano.

 

Entretanto, em janeiro passado, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo suspendeu a validade do documento. A decisão ocorreu após uma ação movida pela ONG Abrigo dos Bichos, de Campo Grande (MS). Agora, qualquer dono de animal infectado não é mais obrigado a entregar o bicho para procedimento de eutanásia.


A realização de tratamento nos cães divide opiniões entre profissionais da saúde, governo e instituições apoiadoras dos animais. Para a advogada Vivi Vieri, uma das fundadoras da comunidade Prefiro Tratar que Matar no Facebook, a leishmaniose é uma doença infecciosa e não contagiosa. Portanto, a decisão pela eutanásia deve ser do dono: “A melhor alternativa é a prevenção, para não correr atrás do prejuízo”. Vivi ainda lembra que o Brasil é o único país a utilizar o sacrifício dos animais como estratégia: “Será que somos os únicos certos?”.


Larissa Nogueira, 29, também advogada, por exemplo, não mediu esforços para tratar o pequeno Bob – mais conhecido como Bimbinho. Após adotá-lo em uma clínica veterinária, ela realizou a punção na medula e o resultado foi positivo para leishmaniose. “Foi uma luta pra começar o tratamento. Ele tinha sangramento nasal muito intenso pelo menos duas vezes por semana; e anemia profunda – precisou fazer transfusão de sangue. Era muito magrinho, não latia, não brincava”, lembra. Apesar dos problemas, Larissa nunca pensou na eutanásia como saída. Hoje, Bob divide espaço no apartamento da advogada com a pequena Nina. Os cuidados e o amor são diários: “Eles usam coleiras, tomam vacinas, não passeiam em horários considerados críticos para o mosquito e são acompanhados pelo veterinário periodicamente”.


Marco Ciampi, presidente da ONG Arca Brasil, entidade responsável pela campanha O Cão Não é o Vilão, reforça a ineficiência da eutanásia. “O programa de controle no Brasil não apresenta avanços. Há 50 anos é replicada essa política. Algo está errado”. Já o professor de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Aloísio Falqueto, diz que a eutanásia dos animais não é suficiente para erradicar a doença. “Temos longos anos trabalhando assim e não conseguimos controlar”.


Entretanto, para Falqueto, também é especialista em doenças infecciosas, o tratamento dos cachorros representa risco: “Não dá para tratar os animais. O índice de cura é baixo. O Ministério da Saúde orienta não utilizar os medicamentos nos cães, pois são os mesmos dos humanos. Como no cão o nível de cura é baixo, podemos viciar os parasitas e se tornarem resistentes. E, depois, o animal vai transmitir um parasita resistente, ficando difícil o tratamento nos humanos”. (Isabel Costa)

 

O PROGRAMA DE CONTROLE NO BRASIL NÃO APRESENTA AVANÇOS. HÁ 50 ANOS É REPLICADA ESSA POLÍTICA. ALGO ESTÁ ERRADO.”


MARCO CIAMPI


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Em Fortaleza, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realiza eutanásia de animais com doenças incuráveis ou em estado terminal. Segundo o médico veterinário Sérgio Franco, todos os cães são sedados antes de receber o produto sacrificante.

 

Sérgio ainda diz que 25% dos cachorros recebidos apresentam diagnóstico positivo para leishmaniose. Para atestar a doença, é feito primeiro o teste rápido - com resultado em meia hora - e o exame Elisa para confirmação.

 

O CCZ trabalha com duas frentes: recebimento espontâneo de bichos infectados ou coletas em bairros de alta incidência. A seleção é feita através da média dos casos (o número de humanos doentes é somado e dividido por três, o resultado não deve ser maior que 2,4).

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