Defesa aposta em dúvida para que júri absolva Gil Rugai
No terceiro dia de julgamento de Gil Rugai, a defesa deixou claro qual será sua estratégia: deixar os jurados em dúvida para que absolvam o rapaz. Gil é acusado de matar o pai, Luis Carlos Rugai, 40, e a madrasta, Alessandra Troitino, 33, na casa em que moravam em Perdizes (zona oeste de São Paulo).
Como parte do plano, os advogados Marcelo Feller e Thiago Gomes Anastácio levaram ontem ao plenário uma especialista em tribunal do júri. Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, professora de antropologia da USP e autora de tese sobre julgamentos, apresentou aos jurados o “in dubio pro-reo”, princípio do direito segundo o qual, na incerteza sobre a autoria do crime, a decisão deve favorecer o acusado.
O depoimento foi apenas mais um elemento para pôr em prática a estratégia de colocar dúvidas na cabeça dos jurados, que foi usada, por exemplo, no julgamento de Carla Cepollina, no ano passado - ela foi absolvida da acusação de ter matado o coronel Ubiratan Guimarães, em 2006.
A defesa já atacou a principal testemunha, a motivação do crime e a investigação. E começou a desenhar outra hipótese para os assassinatos, que envolveria o narcotráfico. (das agências)
Teses para o crime
Defesa diz que casal pode ter sido morto por envolvimento com o narcotráfico
O que diz a defesa:
Luis e Alessandra podem ter sido mortos por envolvimento com o narcotráfico.Principais pontos dessa tese:
1. O local onde Luis fazia treinos de voo era ponto de distribuição de drogas, onde quadrilha já havia sido presa. Um dia antes do crime, ele fez uma filmagem da pista de voo.
2. O pai de Gil foi morto fora da sala de TV, que estava trancada na hora da execução. Projéteis foram achados alinhados como se tivessem sido parados pela porta. A porta foi arrombada depois das mortes, o que indicaria que os criminosos estavam atrás de algo que estava na sala de TV, como o vídeo.
3. Não havia tempo para Gil fazer os disparos, às 21h30min, deixar a residência 20 minutos depois, como informou vigia, chegar em seu escritório distante 4,5 km, despejar a arma na caixa de água, trocar de roupa e fazer uma ligação para a amiga às 22h10min.
O que diz a acusação
1. Gil matou o pai após ele o pressionar para confessar que havia desviado dinheiro da empresa e obrigá-lo a devolver, ou acionaria a Polícia.
2. O rapaz tinha acesso à casa, os cachorros não latiram, o que indicaria que conheciam o assassino.
3. Ele matou a madrasta na entrada da casa e, depois, arrombou a porta da sala de TV, onde o pai se escondia. Após matá-los, deixou a casa, foi visto pelo, voltou para o escritório, despejou a arma e fez a ligação para a amiga - ele teria tempo hábil para fazer isso entre 21h30min e 22h10min.
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