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Sermão 13/12/2015 - 11h42

Dom Fernando Panico: "A Igreja Católica se reconcilia com padre Cícero"

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Amados irmãs e irmãos, presbíteros de nossa Igreja particular de Crato, diáconos, religiosas e religiosos, seminaristas, colaboradores, prezados Diocesanos

A Liturgia deste 3.º Domingo do Advento é um convite solene e insistente à verdadeira alegria. O texto da carta aos Filipenses, proclamado na segunda leitura, deu a este domingo o nome Gaudete, ou seja, Alegrai-vos. Ainda mais, com a abertura da Porta Santa da Misericórdia na nossa Catedral , a Igreja particular de Crato quer renovar a sua vocação de Povo de Deus em romaria para a plenitude da vida e da salvação em Cristo, do qual a Porta Santa é símbolo . Jesus é a Porta, Ele está no meio de nós, ama-nos e, apesar dos nossos descaminhos, insiste em nos amar.

O Jubileu extraordinário da Misericórdia convida-nos para não desistir do caminho da esperança, da conversão e da alegria. Jesus nos lembra que a sua Porta é estreita e que precisamos esvaziar-nos de nós mesmos, para entrar no Reino dos céus. A Porta da Misericórdia é Cristo; por Ele nos tornamos o seu Povo e o seu rebanho. Somos Igreja em caminho, seguidores de Cristo. Se somos conduzidos pelo Espírito de Deus, não podemos nos deixar levar pela ansiedade, a inquietude e o pessimismo, que é uma espécie de miopia do coração que nos torna profundamente negativos ao julgarmos pessoas que temos dificuldade de aceitar, de compreender e perdoar.

Infelizmente, a nossa Diocese não escapa a esta visão pessimista que nos últimos anos vem nos atrapalhando na nossa missão evangelizadora. Existem feridas que nossos pecados produziram no tecido da nossa Igreja diocesana. Estas feridas exigem gestos sinceros de humildade e reconciliação, de ambas as partes. De minha parte, peço perdão a Deus e a vós irmãos; reconheço minha fraqueza, fragilidade e pecado. Abrindo a Porta Santa do Ano da Misericórdia, perguntemo-nos: como Deus poderá fazer-se encontrar por nós, quando o caminho do nosso coração está fechado com cadeias de intolerância, de prepotência, de incompreensão?

Tomemos consciência de que Deus nos ama muito, para além das nossas falhas e fraquezas, e que o seu amor nos transforma, nos torna menos egoístas e mais humanos. O que renova o mundo e o transforma não é o medo, mas o amor. O medo provoca insegurança, pessimismo, angústia, sofrimento, bloqueios, fechamentos; o amor é que faz crescer, cria dinamismos de superação, nos torna mais humanos, nos faz confiar e realiza o encontro e a comunhão…
São palavras do Papa Francisco na Bula de proclamação deste ano da misericórdia:

“Precisamos sempre de contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado”.

Hoje, por ocasião da abertura solene da Porta Santa da Misericórdia nesta Catedral de Nossa Senhora da Penha, quero anunciar com alegria, à querida Diocese de Crato e aos romeiros e romeiras do Juazeiro do Norte, um gesto concreto de misericórdia, de atenção e de carinho por parte do Papa Francisco para nós: A IGREJA CATÓLICA SE RECONCILIA HISTORICAMENTE COM O PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA.

Recebi no mês passado uma longa carta - mensagem do Secretário de Estado de sua Santidade, o Cardeal Pietro Parolin, redigida por expressa vontade do Papa Francisco. Ele pede a mim que dê uma justa interpretação ao texto e que o apresente à Diocese e a todos os romeiros. Isso faço agora. Convido a todos vocês a também fazerem uma justa interpretação, procurando apoiar e promover a unidade de todos na mais autentica comunhão eclesial.

Partilho com vocês, de antemão, queridos padres e irmãos e irmãs presentes, esse documento “histórico”, a pedido expresso do Santo Padre, que lhes envia uma fraterna e calorosa saudação e bendiz a Deus “pelos luminosos frutos de santidade que a semente do Evangelho faz brotar nessas terras abençoadas” do nordeste.

De imediato quero esclarecer que esse documento é a proposição definitiva e solene de “reconciliação histórica” da Igreja com Padre Cícero, por reconhecer nele “virtudes humanas, sacerdotais e apostólicas” que devem ser valorizadas. Não se trata, portanto, de “reabilitação canônica”. E gostaria de dizer também que é motivo de alegria o que este ato de reconciliação sugere: a profunda comunhão com o sucessor de Pedro, pois ele nos remete à minha Carta Pastoral “Romarias e Reconciliação”, publicada em 2003. No próximo dia 20, levaremos a mensagem do Papa ao conhecimento da nação romeira em Juazeiro, quando da Missa em memória do Pe. Cícero.

O Papa Francisco, no seu incansável dinamismo missionário, percebe com clareza o quanto a memória do Padre Cícero dinamiza ainda hoje a vida pastoral e religiosa do Brasil, especialmente do Nordeste. E ressalta “os bons frutos que os romeiros vivenciam ao peregrinar a Juazeiro, atraídos pela figura desse sacerdote.”

“É louvável”, diz a Mensagem, como a Diocese de Crato, “incorpora, integra e evangeliza” as grandes romarias, “acolhendo e animando o romeiro em sua vida cotidiana”, “traduzindo, em cantos de romaria”, com palavras do próprio Padre Cícero, o conteúdo da fé e da moral cristã: “Quem matou não mate mais.... , quem roubou, não roube mais!

Todas as Dioceses do Nordeste foram lembradas pela Mensagem que diz: a associação das outras Igrejas particulares do nordeste, fontes primárias das romarias, à Diocese de Crato nesse modo particular de evangelização, tem-se mostrado eficaz e deve ser apoiada e estimulada.

Já se percebe que o realce que se quer dar a esta Mensagem é a ligação direta entre Padre Cícero e a Nova Evangelização, pois o apresenta como um modelo de sacerdote numa Igreja “em saída”, que acolhe a todos, especialmente os pobres e sofredores, e este é um sinal importante, especialmente nos dias de hoje, pois experimentam a misericórdia de Deus através do Padre Cícero.

Podemos então aclamar com o Profeta Sofonias, inspirados na segunda leitura da Missa deste Terceiro Domingo de Advento: “Canta de alegria, Diocese de Crato; rejubila, povo nordestino; alegra-te e exulta de todo coração, povo brasileiro! “.

Segundo as palavras de Jesus, sabemos que “Toda arvore é reconhecida pelo seu fruto” (Lc 6,44). Nesta certeza, o Santo Padre não quis deter-se em questões polêmicas do passado, mas foi logo, em sua avaliação, ao centro, à figura sacerdotal do Padre Cícero. Poderíamos parafrasear a afirmação de Jesus: Provando o sabor dos frutos que amadurecem até hoje, e que são resultado da ação Pastoral do Padre Cícero, o Papa Francisco se pergunta: “Esse Padre chamado carinhosamente pelo povo de ‘Padim’: é arvore boa ou ruim?”

Papa Francisco apresenta o Padre Cícero como um modelo de sacerdote numa Igreja “em saída”, para os tempos atuais e a Nova Evangelização. O documento é mais incisivo ainda quando lembra que Deus sempre se serve de pobres instrumentos para realizar suas maravilhas. Somos todos, “vasos de argila”: (2Co 4,7) que guardam os tesouros de Deus. Nosso querido Padre Cícero não é exceção a esta regra e, como todos nós, não foi privado de fraquezas e de erros, mas isso apenas mostra que e mostra que “o poder que a tudo excede, provém de Deus, e não de nós” (2Co 4,7).

Por meio de seu Secretário de Estado, o Papa Francisco afirma, “sem dúvida alguma, que Padre Cícero, pelo seu intenso amor pelos mais pobres e por sua inquebrantável confiança em Deus, foi este instrumento escolhido por Ele.” Por isso, o Santo Padre nos convida a agradecer ao Senhor por todo o bem que Ele suscitou por meio do Padre Cícero que, diz de novo o texto, “sem dúvidas” foi movido por um desejo sincero de instaurar o Reino de Deus.

Essa afirmação do Papa Francisco nos enche de uma profunda alegria quando lembramos as palavras de Jesus sobre o Juízo final (Mt: 25, 31-46) Sim, todos nós, seremos julgados pelos nossos gestos concretos de Amor e de Misericórdia, e nada mais!

O documento ainda ressalta como qualidades do Padre Cícero, o profundo amor a Nossa Senhora das Dores e das Candeias, a oração e o respeito aos mortos, o amor e o respeito à Igreja Católica e a seus ministros.

E observa que “Este dado positivo, eminentemente religioso, justifica a ação pastoral que essa Diocese de Crato presta ao fenômeno religioso de Juazeiro do Norte, que tem sua origem, justamente na ação do Padre Cícero.”

Caros Padres, querida Diocese de Crato: fomos justificados pelo Papa Francisco. Nós não nos equivocamos assumindo a opção pastoral em favor das romarias e do acolhimento aos romeiros . O Papa nos diz que agindo assim, fica garantida a reta orientação eclesial a todos os que se sentem ligados ao Padre Cícero, na região nordeste e em todo Brasil.

Como são reconfortantes e animadoras as palavras do Papa São Paulo II por aqueles de nós que já experimentaram em sua vida que “Deus escreve certo por linhas tortas”! Sim, Deus se serve de nós, instrumentos imperfeitos para realizar a Sua obra! Santo é seu Nome e sua Misericórdia é para sempre!

Como Bispo Diocesano dessa Igreja particular, fico feliz por poder receber essa grande graça, em nome do Padre Cícero e de seus romeiros e romeiras, em nome de todos aqueles bispos – Dom Quintino, Dom Delgado – que alguma vez pediram que a Igreja e Padre Cícero se reconciliassem, em nome de todas as pessoas que queriam ver o Seu Padrinho ser, de novo, acolhido pela Igreja Católica da mesma forma que sempre foi acolhido por seus afilhados!

E é justo que também o Pe. Cícero, hoje, enfim reconciliado com a Igreja católica, passe pela Porta Santa, como todos nós, entrando nesta Catedral aonde ele foi batizado e celebrou sua Primeira Missa. Ele vai entrar como romeiro. Seu lugar não será ainda o Altar, mas ficará no meio do Povo, invocando e cantando conosco a misericórdia do Pai.

Peço a Deus que, no Ano Santo da Misericórdia, desça em profusão sobre nossa Diocese a Misericórdia divina , a graça da união, dom do Espírito Santo, para promover em nossas diferenças a “cultura do encontro”, no respeito recíproco e na verdade da justiça.

Virgem Maria, Mãe de Misericórdia, Nossa Senhora da Penha, estes teus olhos a nós volve, teus devotos. Somos filhos. Os nossos rogos ouve, ó Mãe do Redentor. “Amor e Verdade se encontram, Justiça e Paz se abraçam; da terra germinará a Verdade, e a Justiça se inclinará do céu.” (Sl 85,10). Sejamos misericordiosos como o Pai.

Dom Fernando Panico

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