Mulheres são as mais afetadas pela presença de usuários de droga na família
O sexo feminino representou 80% do total de entrevistados, sendo as mulheres, portanto, as responsáveis pelo tratamento dos usuários
Interferências no trabalho, incômodos na vida social, pessimismo em relação ao futuro, furto de objetos pessoais na própria casa e ameaças são situações vivenciadas cotidianamente por parentes de dependentes químicos que levam a consequências “devastadoras”, segundo avaliação de pesquisadores.
Estima-se que 28 milhões de pessoas convivam com usuários de drogas no país. Os dados do Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foram apresentados nessa terça-feira, 3, na capital paulista.
O levantamento foi feito com 3.142 famílias de dependentes químicos em tratamento. As entrevistas foram feitas entre junho de 2012 e julho de 2013, abrangendo todas as regiões do país. As instituições investigadas foram as comunidades terapêuticas, clínicas de internação e grupos de mútua ajuda.
O estudo aponta que quem mais sofre com o impacto negativo causado pela dependência de álcool ou substâncias ilícitas são as mulheres, que representam 80% dos entrevistados e são, portanto, as responsáveis pelo tratamento dos usuários. As cuidadoras têm entre 35 e 64 anos.
A empresária Regina Camarneiro, de 55 anos, conhece bem essa realidade. Há quase oito anos, ela convive com o vício do filho que usa cocaína desde os 27 anos. "A família fica abalada, o casamento acaba, não por conta disso, mas porque tudo se desestrutura”, relatou Regina em entrevista à Agência Brasil.
O levantamento revela que mais da metade (57,6%) das famílias têm outro parente usuário de drogas. Os entrevistados, no entanto, avaliam que as más companhias (46,8%), a autoestima baixa (26,1%) e a ausência do pai (22,7%) foram os fatores de risco mais relevantes que levaram ao uso.
Sobre o serviço buscado pelos parentes, a internação foi citada por 21,5%, enquanto centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), unidades de referência para atendimento a dependentes químicos, foi apontado por apenas 2,6%. Metade dos entrevistados disse saber o que são os Caps. Mas, mesmo entre os que conhecem, 46% nunca procuraram os serviços.
Agência Brasil
As informações são de responsabilidade do autor:
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