poesia 17/07/2017 - 17h23

É claro que vai doer

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É claro que vai doer
 
Ítalo Lima 

Dias felizes não duram para sempre
Tem sempre alguém arrancando
Um pedaço imenso da gente
A linha amarrada no dente
Na porta amarela da cozinha
De quando criança era só um ensaio
Da dor que grita e ninguém cura
É claro que vai doer
A penetração primeira gera incômodo 
E não há mordaça fria no mundo
Que apazigue a dor ardida no varal
Quando a gente sangra despedaçado
Catando os cacos de pele 
Espalhados pelo chão da casa fria
Estilhaçados pelo ex que foi embora
É claro que vai doer
Quanto mais suplicamos amparo
Mas o fel da sutura aperta em carne viva
Ninguém amansa a solidão da gente
Esquecida debaixo da cama
A navalha na carne do abandono tortura
E é em vão tatear o aperto asmático
O tapete manchado de sangue  
É quase impossível disfarçar 
A escuridão também é crua
E nada apetece o pus escorrido na pele
É claro que vai doer
Mas a cidade envelhece repleta de placas
Dizendo que é proibido chorar.


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