crônica 03/07/2017 - 17h58

A botija de dona Guidinha

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A botija de dona Guidinha

 

 Por Bruno Paulino 



Há algumas décadas atrás, por volta do ano de 1950, uma família sertaneja saiu da zona rural do município de Quixeramobim para a zona urbana da cidade. Instalando-se na Rua Santo Antônio, mais precisamente no nº 57, em uma residência secular, que pertencia a um senhor conhecido por Paiva.  Mas antes de pertencer ao senhor Paiva, segundo alguns moradores mais antigos, no século XIX a casa fora mandada construir e era parte dos pertences de uma fazendeira rica, uma famosa Dona Guidinha, que envolvida numa trama amorosa teria mandado matar o marido, e por esse motivo tinha sido presa e terminando os dias mendicantes nas ruas da capital. Como não tinha filhos, os bens de dona Guidinha foram divididos por “amigos” da família, e depois de sua condenação grande parte de suas vastas terras foram invadidas por seus inimigos.
Em certa noite chuvosa, a terceira filha mais velha do casal de agricultores que adquirira a casa de seu Paiva - uma solteirona - sonhou com a velha Dona Guidinha esticada em um caixão, bem no meio da sala; vestida como as antigas matriarcas dos tempos antigos trajando luto. Ela se aproximou para ver a defunta e esta lhe abriu os olhos, levantando-se em seguida. Mesmo tomada de susto, percebeu que a velha queria conversar com ela, dar-lhe um recado. No sonho a finada Dona Guidinha mencionava que havia enterrado uma botija naquela casa, e que pretendia dar-lhe de presente, mas com três condições: queria que ela contasse sua verdadeira história, pois nunca tinha mandado matar ninguém, e pagara por um crime que não cometera. Outra condição era que fosse sozinha até o quintal da casa à meia noite, guiada pela falecida, para arrancar a botija. E por último, a moça não poderia nunca se casar, pois os homens não prestavam.
A solteirona despertou muito assustada com aquela situação. Aos prantos, correu a acordar os pais e contar-lhes o sonho que havia tido com a antiga dona da casa. Seu pai lamentou o relato, e disse à filha que se ela tivesse seguido o conselho da aparição, a situação financeira da família teria mudado, já que ele cresceu ouvindo dos mais velhos que quem toma coragem e encara “arrancar” uma botija, vira rico. O curioso é que realmente próximo ao local indicado no sonho pela falecida como sendo o lugar onde estaria o suposto tesouro, havia uma marca no concreto de uma mão, como se há algum tempo atrás algo tivesse sido enterrado ali e posteriormente cimentado novamente com aquela marca. Mesmo assim ninguém ousou arrebentar o lugar para ver se havia ou não a botija de Dona Guidinha.
Após três anos morando na arcaica residência, a família mudou-se para outro endereço. A casa foi comprada por um casal, que logo a pôs abaixo, depois vendeu para um empresário que construiu uma farmácia, e a botija do sonho, se existiu ou não, nunca foi encontrada
                              

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