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cronica 19/12/2016 - 16h11

Um sapo de gravata

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Um sapo de gravata

 
Idevair Peres
 
 
Eu ia tomar meu café da manhã quando observei que havia um mosquito assentado no pão. Afugentei ele e iria comer o pão. Mas vi que haviam outros. Perdi o apetite. Fui buscar o inseticida. Ia começar a pulverização quando notei que um dos mosquitos estava usado uma camisa estampada. Não estou brincando. É isso mesmo que você ouviu (ou leu). O mosquito usava uma camisa estampada. Eu posso matar mosquitos, faço isso sempre. Mas nunca havia matado um mosquito de camisa estampada. Simplesmente não pude fazer isso. 

Foi então que me dei conta do problema: eu estava ficando louco? Mosquitos não se vestem. Ao menos assim eu pensava. Resolvi falar com minha mulher.

- Querida, advinha o que eu vi?
- Sei não.
- Um mosquito...

Me detive a tempo. Vejam o absurdo que eu estava fazendo. Ia dizer a minha esposa que havia visto um mosquito vestindo uma camisa estampada. Ela não levaria a sério, é claro. Ou levaria? Será que ela já havia notado algo no meu comportamento? Resolvi arriscar em tom de brincadeira.

- Vi um mosquito de camisa estampada.
- Atualmente isso é normal. Inda ontem vi uma barata de camisola.

Como eu pensava ela levou na brincadeira. Mas o problema continua: eu vi mesmo! É claro que eu não podia insistir. Se eu insistisse ela deixaria de levar na brincadeira. Foi quando uma outra dúvida me assaltou: ela estava brincando ou vira mesmo uma barata de camisola? Estaríamos ambos enlouquecendo? Seria a água? Resolvi buscar uma terceira opinião. Minha filha vinha chegando e fui logo contando para ela:

- Eu vi um mosquito de camisa estampada.
- Eu vi um sapo de gravata.
- Sua mãe viu uma barata de camisola.
- O Gustavo viu um morcego de óculos escuros.

Não adiantou. Ela também não levou a sério. Ou levou? O que era sério agora? Quem viu o quê? Minha última esperança era o Norberto. Este amigo é a pessoa mais séria que conheço. Com ele não tem dessas coisas de senso de humor. Ele tem o senso de humor de um alemão com dor de dentes. Fui até ele e contei o que vira. Ele ouviu em silêncio. Depois apanhou uma enorme caixa e colocou sobre a mesa. Eu gelei. O caso dele era ainda pior. Ele não só havia visto como havia apanhado o bicho. O que teria naquela caixa? Meu coração batia acelerado. Ele me olhava com um olhar estranho, como eu não vira antes.

- Abra a caixa!

Eu não tinha coragem. Minhas mãos tremiam. 

- Abra você! É sua.
- Não, é para você.

Criei coragem e abri a caixa. Era uma garrafa de vinho. O meu vinho preferido.

- Comprei ontem, vamos beber?
- Vamos.

Bebemos, demos boas risadas. Falamos sobre a vida, como sempre. Me esqueci por algum tempo do mosquito de camisa estampada. Mas eu sei que ele está lá, e que ele volta. Mas por ora isto pode esperar.

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