Presença de estudante vestindo camisa de Bolsonaro gera tumulto na UFC
09/05/2016 | 17:09A presença do estudante de Letras, Jorge Fontenele, vestindo uma camisa em apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), gerou tumulto no Centro de Humanidades I da Universidade Federal do Ceará (UFC), por volta das 14h30min desta segunda-feira, 9. De acordo com universitários, ele teria feito provocações verbais, inflando protesto dos alunos contra ele.
O estudante Jorge Fontenele, que também é policial civil, acionou a Polícia Civil diante da mobilização que se iniciou contra ele. O inspetor contou que conversava com colegas, entre eles alunos homossexuais, quando teria chegado outros estudantes do curso de Letras. O inspetor de Polícia alegou que o grupo começou a agredi-lo verbalmente. "Me chamaram de estuprador, torturador, terrorista, sexista, homofóbico e racista. Me mantive inalterado. Pegue meu celular e comecei a filmar, diante das acusações", disse Fontenele em entrevista ao O POVO Online.
Conforme o universitário, ele também teria sido agredido fisicamente. "Levei um tapa na cara de um professor e dois socos de uma aluna", afirmou. Jorge nega as acusações de estudantes, que participaram do protesto, de que ele teria agredido manifestantes.
De acordo com o policial civil Gutemberg Rodrigues, da Unidade Tática Operacional, Divisão Anti-Sequestro (DAS), que atendeu a ocorrência, os policiais foram acionados nos grupos da Polícia Civil, com a informação de que um policial, que é aluno da UFC, estava sendo hostilizado por estar vestindo uma camisa em apoio a Bolsonaro, dentro das dependências da Universidade, no bloco do curso de Letras. A equipe da DAS chegou ao local, mas não teve autorização para entrar na instituição, visto que é de responsabilidade federal.
Seguranças da UFC teriam feito a escolta para o lado de fora da instituição, onde os policias civis deram sequência para garantir a integridade física do estudante. "Ele não conseguiu assistir à aula, nem buscar o carro nas dependências da UFC, já que foi bastante hostilizado", disse o policial civil da DAS.
O universitário que apoia Bolsonaro foi levado pelos policiais civis até o 34º Distrito Policial (DP), onde registrou um boletim de ocorrência de "injúria grave". Jorge relatou que o carro dele foi danificado e um policial civil precisou ir à paisana para retirar o veículo estacionado na UFC.
Estudantes relatam agressões
Conforme uma estudante de Letras, que preferiu não se identificar, Jorge é visto com frequência no CH I e é conhecido por ser defensor de ideais conservadores. "O curso (Letras), tradicionalmente, defende o debate contra opressão, anti-machismo, a causa LGBT e o feminismo. O protesto começou por conta da presença dele aqui. Ele estava exibindo a camisa em apoio ao Bolsonaro e soltando provocações, no Bosque Moreira Campos. Não é apenas a presença da figura dele, mas quem ele está representando", comentou a universitária.
Ainda segundo a estudante, universitários de outros cursos souberam da presença do defensor do deputado federal e foram juntando-se ao protesto. A mobilização dos alunos teria cercado o homem e gritado palavras de ordem contra ele.
Estudantes informaram que o apoiador de Bolsonaro teria agredido uma universitária durante o protesto. Além disso, afirmaram que dois universitários teriam saído em defesa do rapaz e agredido outros dois manifestantes.
Nota da UFC
Procurada pelo O POVO Online, a UFC se pronunciou por meio de nota e disse que vai apurar o caso. Veja abaixo o texto na íntegra:
"A Universidade Federal do Ceará informa que houve um conflito entre grupos de estudantes na tarde desta segunda-feira, 9 de maio, no Centro de Humanidades, Campus do Benfica. O fato está sendo devidamente apurado pela UFC, um espaço plural e democrático que respeita a diversidade de ideias e opiniões e que incentiva a convivência respeitosa entre todos os integrantes de sua comunidade (alunos, docentes e servidores técnico-administrativos) e na sua relação com a sociedade."