O filme "Vidas Partidas" estreará nos cinemas nesta quinta-feira, 4. A trama é inspirada nas estatísticas de crimes praticados contra a mulher. Graça, interpretada por Naura Schneider, é uma mulher bem-sucedida e apaixonada. Após casar, ela é vítima de um crime de violência doméstica. Raul, vivido por Domingos Montagner, é o marido, um homem sedutor. Por ciúmes, ele se trasforma em algoz.
A relação do casal desmorona após Raul ficar desempregado e Graça avançar em sua carreira. Para contornar a situação, ela pede um favor ao ex-marido, que consegue uma vaga de professor na Universidade para Raul. Ele gradativamente torna-se agressivo, fazendo frequentemente agressões físicas e psicológicas.
Schneider conta como surgiu o projeto do filme. “'Vidas Partidas' é uma sequência e uma consequência de vários projetos que eu já faço sobre violência doméstica. Há um tempo eu fiz outro longa-metragem de temática feminina. E, além disso, há cinco anos, filmei um documentário sobre a Lei Maria da Penha, para o qual colhi vários depoimentos. A partir daí, eu senti muita necessidade de contar uma história que pudesse discutir essa questão tão importante", ressalta.
Protagonista e produtora de "Vidas Partidas", Naura comenta como é assumir dois papéis importantes. "Quase uma inconsequência e eu nem sei como sobrevivi! Foi um grande desafio, pois produzir um filme no Brasil é muito difícil, normalmente os projetos demoram muito, já que você custa a captar. Depois, tem toda uma questão logística. A gente monta uma empresa, com uma equipe de 80/100 pessoas, que precisam ser coordenadas durante alguns meses. Ou seja, vivi um desafio e uma responsabilidade enormes. Dá aquele medo, mas, apesar de todas as questões, foi um aprendizado muito grande, que fiquei feliz de concluir", afirma.
Domingos Montagner, protagonista do filme, diz que o convite veio através de Naura, que conversou com ele logo no começo do projeto. "Ela me contou sobre a história e eu achei muito interessante. Fomos conduzindo com certa antecedência e o convite veio a se concretizar um ou dois anos depois, e foi reforçado quando o Marcos assumiu a direção", conta.
Montagner revela que tiveram várias cenas difíceis de interpretar. "Identificar em nós mesmos essas características é muito difícil. Você ter o ímpeto de cometer uma violência com a sua própria família, pra mim, é uma coisa impensável. A cena que ele realmente bate com muita violência na mulher foi muito tensa, porque tinha um efeito, era delicada, perigosa e você tem a sensação de bater como se fosse em uma pessoa que você odeia", conta.
O diretor do filme, Marcos Schechtman, define o filme como um thriller psicológico. "Você começa vendo esse casal e a coisa vai adensando e entrando em situações difíceis, fortes e aquilo vai, de alguma forma, te espremendo. Ao mesmo tempo, você se enternece de ambos, dele também. Apesar de toda a monstruosidade, você o humaniza. Exatamente por esse olhar de não só colocá-lo no lugar do algoz, mas entender essa interdependência dos dois e como isso funciona. E que é um tipo de amor, doentio, mas que é um tipo de amor. Essa dualidade leva você a ficar preso na cadeira", afirma.
Além dos atores Domingos Montagner e Naura Schneider, a trama contará com Georgina Castro, Ana Clara Rimes, Camila de Oliveira, Nelson Freitas, Guilherme Guaral, Suzana Faini, Gabriela Munhoz, Juliana Schalch, Milhem Cortaz, Fabio de Luca, Rafael Studart, Ana Maria Orozco, Denise Weinberg, Jonas Bloch e Augusto Madeira.