As aparências enganam
"Os fatos e as circunstâncias mostram que na campanha serão ampliadas as divergências"Embora o PMDB e o PT queiram mostrar que estão imunes a intrigas de outras siglas e controlam os desentendimentos em suas bases, interesses eleitorais embaraçam as relações entre eles, principais partidos da base do governo – agora e no passado recente.
A disputa municipal deste ano acirra os ânimos, por mais que as cúpulas das duas agremiações repitam o contrário. Foi assim em 2008, no apogeu do prestígio popular de Lula da Silva, então presidente da República e chefe consensual do petismo.
Os fatos e as circunstâncias mostram que na campanha serão ampliadas as divergências. Lideranças paralelas do Partido dos Trabalhadores, umas influentes e outras nem tanto, contestam posições administrativas e políticas de Dilma Rousseff. Apesar de bem avaliada pelos brasileiros, como atestam os números das pesquisas de opinião, ela não tem o magnetismo do antecessor que se considera “metamorfose ambulante”.
E antes da batalha das urnas – a escolha de prefeitos e vereadores –, ocorre na Esplanada dos Ministérios, já a partir deste mês, a guerrilha da reforma do primeiro escalão. Consequentemente, das posições intermediárias, a maioria ocupada por gente que tem no coração o desenho da estrela do PT. Sim, porque os peemedebistas se interessam bem mais por cargos do que pela bandeira ou símbolo partidário.
IDEIAS DE TUCANO
À disposição do leitor-eleitor um texto para debate.
Mesmo os que discordam da pregação política de Fernando Henrique Cardoso devem ler – pelo menos, como críticos – o depoimento do ex-presidente da República a Miguel Darcy de Oliveira.
Está no livro A soma e o resto – Um olhar sobre a vida aos 80 anos. São 191 páginas. Preço: R$ 26.
DECEPÇÃO VEM AÍ
Assim será, conforme o catecismo político doutrina.
Recriado ano passado, com os equívocos originários da sigla inspiradora, o PSD entra no descompasso em 2012.
Os entreveros já existem, aumentam com a pré-campanha e chegam ao extremo quando for confirmada, no embate de 7 de outubro (primeiro turno), a subnutrição eleitoral do novo (?) peessedê.
Não é apenas em São Paulo, berço do partido, que se esboça o desenho da decepção. Gilberto Kassab, prefeito impopular da capital e presidente autonomeado do PSD, recebeu relatório com a previsão de fraco desempenho da legenda nas urnas de outros grandes centros urbanos do país. Em cidades médias, também. Nas pequenas, o PSD inexiste.
TRIO DA AMIZADE
As escolhas de um artista popular envolvido na política.
São três os amigos do peito de Tiririca – deputado Francisco Everardo (PR-SP) – na Câmara.
Dois são companheiros de legenda: Esperidião Amin (SC) e Paulo Freire (SP); o terceiro é do PMDB: Francisco Escórcio (PMDB-MA).
FAXINA PRA VALER
Aldo Rebelo sofre pressão do PCdoB, seu partido.
O ministro do Esporte descontenta a cúpula comunista – respeitadas algumas exceções –, porque tem feito substituições na equipe herdada do antecessor, Orlando Silva.
Primeiro, Rebelo demonstra insatisfação com ocupantes de cargos de confiança que falham como auxiliares ou trazem “defeitos de origem”. Depois, demite. Daí o imbróglio na legenda.
Mas, o caso de maior repercussão, com desfecho nessa segunda-feira, teve como pivô o então titular da Secretaria Nacional de Futebol, Alcino Reis Rocha. Foi ele quem pediu para sair por causa do tratamento frio do ministro.
Em verdade, a influência de Alcino na suspeita gestão de Orlando Silva incomodava o ético Aldo Rebelo.
PERGUNTAR NÃO PAGA IMPOSTO
Curiosidade, apenas.
Então, o tucanato absolveu o “maldito” Paulo Maluf (PP-SP), depois de o ex-governador admitir apoio ao candidato do PSDB (ainda a ser ungido) à prefeitura paulistana?
O NEGÓCIO É O SEGUINTE
O Palácio do Planalto informa: Dilma Rousseff visita Cuba, 31 de janeiro. Dois dias depois, o Haiti. São viagens oficiais.
Diplomata lotado na embaixada brasileira em Lisboa, Arthur Virgílio está de volta. Ex-líder do PSDB no Senado, pode ser candidato a prefeito (ou vereador) de Manaus.
O paraibano Aguinaldo Ribeiro é o novo líder do PP na Câmara dos Deputados.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, expõe o lado arrogante na abordagem do Código Florestal. Ao chamar de retrocesso a mudança que os deputados ameaçam realizar no texto aprovado no Senado, bate o pé: “Não aceito.”
Mendes Thame (PSDB-SP) substitui o correligionário mineiro Paulo Abi-Ackel na liderança da Minoria na Câmara.
Tarso Genro (PT-RS) passa férias em Cuba. O governador levou a família ao belo litoral do país sob jugo de uma ditadura comunista.
Caso ganhe a pasta de Ciência e Tecnologia na reforma ministerial, Ciro Gomes entra na cota pessoal da presidente da República. É o que afirma a cúpula do PSB, que não gostaria da ideia de revê-lo na Esplanada.
Para refletir: “A alegria é a coisa mais séria da vida” (Gertrude Stein, escritora estadunidense).
Walter Gomes
waltergomes@opovo.com.br
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