[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Partido verde? | Coluna Thomas Friedman | O POVO Online
Thomas Friedman 08/06/2012

Partido verde?

Conservadores e conservacionistas têm mais em comum do que nunca, dependendo de como os republicanos definem "conservadores"
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Mitt Romney certamente tem as fraquezas dele como candidato, mas o maior desafio para atrair os eleitores independentes será superar a merecida reputação de dizer qualquer coisa que a base republicana queira ouvir. Depois de vê-lo nas primárias, você se pergunta se existe alguma questão na qual ele se voltaria para a extrema direita do partido e diria: “Sinto muito. Vocês estão errados. Esta é a verdade...”


Um ponto por onde ele poderia começar a mudar essa percepção é nas questões de energia, conservação e meio ambiente. Nos últimos anos, a base do Partido Republicano assumiu uma atitude instintiva de explorar recursos a qualquer custo, que energia limpa é para os fracos e a proteção do meio ambiente apenas prejudica os empregos; assim, conservadorismo e conservacionismo não se misturam. Na semana passada, Romney viajou para uma cidade remota de mineração de carvão, Craig, no Colorado, em que ele atacou o retrospecto de empregos verdes do presidente Barack Obama, enquanto discursou para operários usando bonés onde estava escrito “Carvão = Empregos”. Sim, é, para médicos de pulmão.


Essa obsessão por carvão e petróleo me parece equivocada por três motivos. Primeiro, existe uma estratégia de energia conservadora mais inteligente: uma campanha para desenvolver um mix de energia que seja “norte-americano, diverso e limpo”. Ponha o Partido Republicano em apoio a qualquer fonte ou tecnologia que o mercado produza – gás natural, energia eólica, energia das ondas, solar, nuclear, eficiência, biocombustíveis ou carvão capturado – desde que sejam produzidos nos Estados Unidos, que nos dê diversidade de oferta e nos mantenha na direção de um ar mais limpo.


Segundo, essa vil devoção a carvão e petróleo, e o desprezo pelo ambientalismo, contradiz a longa tradição republicana de preocupação ambiental, da qual alguns republicanos ainda se orgulham: Teddy Roosevelt nos deu os parques nacionais, Richard Nixon nos deu a Lei de Ar Limpo e a Agência de Proteção Ambiental, Ronald Reagan nos deu o Protocolo de Montreal para proteção da camada de ozônio e George H. W. Bush nos deu o sistema que reduziu a chuva ácida. O Partido Republicano realmente acredita que vai atrair o idealismo da próxima geração de eleitores com lemas como “Carvão = Empregos”?


E, finalmente, o Tea Party do Partido Republicano se tornou ainda mais hostil à conservação quando alguns grandes grupos de conservação redefiniram as metas – da proteção da natureza para o seu próprio bem, um nobre objetivo, para a proteção também de nossa “infraestrutura natural” que fornece empregos, alimentos e segurança.

 

Essa mudança é resumida melhor por Glenn Prickett, o diretor chefe de Relações Exteriores da The Nature Conservancy: “Nós passamos o século 20 protegendo a natureza das pessoas, e passaremos o século 21 protegendo a natureza para as pessoas”.


A Conservancy ampliou a ênfase, da compra de terras naturais e fechando, para que nunca sejam devastadas, para a formação de parcerias econômicas duradouras entre aqueles que controlam a “infraestrutura natural” e aqueles que se beneficiam dela – para que ambos tenham interesse e meios para preservá-la. Por exemplo, a Conservancy está trabalhando com cidades na América do Sul para organizar grandes grupos de usuários de água – engarrafadoras, usinas hidrelétricas e companhias de abastecimento de água – para financiar proteção e recuperação das bacias hidrográficas que abastecem as instalações dela.


O plantio de árvores que retêm água como esponja ou a proteção das florestas e vegetação natural que extraem os poluentes da água e impedem as enxurradas são formas muito mais baratas e eficazes de preservar a água do que a construção de mais reservatórios ou usinas de tratamento. E pagando para as pessoas corrente acima para protegerem essa infraestrutura natural dá a eles um meio sustentável de fazer isso.


Enquanto isso, a Conservation International (minha esposa faz parte do conselho diretor) foi fundada há 25 anos para preservar a biodiversidade nos maiores ecossistemas do mundo. Mas há três anos, explicou o cofundador, Peter Seligmann, “nós percebemos que, apesar de nossos esforços intensivos para proteção da biodiversidade, as taxas de extinção estavam acelerando, a pesca estava sofrendo colapso e o clima estava mudando. Apenas guardar as áreas selvagens na despensa da conservação não funciona, porque, ao se sentirem ameaçadas, as pessoas as tomariam”.


Então, disse Seligmann, “nós mudamos oficialmente nossa missão – da proteção da biodiversidade para o apoio do bem-estar humano, ao restaurar e manter os ecossistemas que fornecem serviços à humanidade”. Uma vez que você mostra que ecossistemas saudáveis fornecem às pessoas, “conservação” ganha todo um novo significado: plantações saudáveis dependem de polinizadores, rios saudáveis das florestas que filtram a água e impedem a erosão do solo, pesca saudável depende da preservação dos recifes de coral, nos quais os peixes procriam, áreas costeiras saudáveis dependem de recifes e manguezais que protegem contra tempestades, energia hidrelétrica saudável depende da água das florestas nubladas. Uma boa administração da infraestrutura natural = empregos, segurança, alimentos e água.


É por isso que conservadores e conservacionistas têm mais em comum do que nunca, dependendo de como os republicanos definem “conservadores”. Eles podem fugir do orgulhoso legado de conservação ambiental, quando definem “conservador” como alinhar o Partido Republicano a combustíveis sujos mais baratos e indústrias moribundas – e fazer o que quer que seus lobistas ditem. Ou podem definir “conservador” como a proteção de nossa infraestrutura natural, para promover crescimento limpo – no espírito de Teddy Roosevelt – e pressionar pelo mix mais limpo de combustível que a tecnologia americana pode produzir. Depende de você, governador Romney.

 

Thomas Friedman

Colunista de assuntos internacionais do New York Times, Friedman já ganhou três vezes o prêmio Pulitzer de jornalismo. É autor do best-seller O Mundo é Plano

 

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