O tempo no horário eleitoral gratuito no Ceará entre os dois megablocos tem a distribuição mais equilibrada desde os tempos em que Cid Gomes (Pros) era oposição, há oito anos. Os governistas mantém o espaço mais robusto, mas não é um massacre em relação ao bloco oposicionista, como ocorreu em outros tempos. São pouco mais de dois minutos de diferença: Camilo Santana (PT) tem 8min58seg, enquanto Eunício Oliveira aparecerá por 6min51seg. O petista tem até mais tempo do que Cid Gomes tinha há quatro anos (7min33seg), mas, naquela época, o espaço dos adversários era mais pulverizado. Os dois mais significativos eram Marcos Cals (PSDB), com 4min25seg, e Lúcio Alcântara (PR), que tinha 2min8seg. Ninguém com espaço tão expressivo quanto o de Eunício agora. Para o Senado, o equilíbrio é maior ainda: Mauro Filho (Pros) terá 4min29seg, enquanto Tasso Jereissati (PSDB) aparecerá com 3min25seg.
Desde a década de 1990, vence as eleições estaduais quem tem mais tempo no rádio e na televisão. Mesmo quando a margem foi mais apertada, em 2006. Ainda sem o governo, Cid já tinha mais espaço que Lúcio: 7min49seg contra 6min24seg. Claro que não é fator isolado para alcançar a vitória. O espaço maior no horário eleitoral é sintoma da maior aliança política.
Quando essa junção de fatores é esmagadoramente maior, a vitória desse candidato é líquida e certa. Quando há equilíbrio, aumenta a imprevisibilidade. Não que os dois minutos que separam Camilo de Eunício sejam pouca coisa. Mas o petista é bem menos conhecido, precisa de mais exposição. Na prática, os espaços são praticamente equivalentes.
O DIAGNÓSTICO DA PRIMEIRA FASE
A pesquisa Datafolha que O POVO divulga amanhã apresentará o resultado da campanha antes de o horário eleitoral começar. É o diagnóstico de uma fase da eleição e do cenário em que será dada a largada para a fase decisiva.Devido a diferenças metodológicas, de amostra, margem de erro, não é possível fazer a simples comparação com levantamentos anteriores de outros institutos. Não dará para dizer que algum candidato subiu ou caiu. Todavia, será possível, sim, perceber sinalizações e eventuais diferenças de patamar. Afinal, mesmo que com institutos diferentes, as pesquisas têm objetivo de aferir uma mesma realidade.
A única pesquisa realizada desde o início da campanha foi divulgada pelo Ibope há três semanas. De lá para cá, houve trocas de insultos, polêmicas no Facebook e a campanha ganhou algum corpo na rua. A partir do Datafolha, será possível conferir a tendência a estabilidade ou perceber se a realidade já apresentou alguma alteração significativa após esses episódios.
A TRISTE REALIDADE UM MÊS APÓS A COPA
No último domingo, torcedores de Santos e Corinthians se envolveram em briga antes da partida entre os dois times, na cidade do litoral paulista. Com direito a uso de barras de ferro, pedaços de madeira e rojão. Santistas feridos foram levados ao pronto-socorro. Corintianos foram até lá, invadiram o local para dar continuidade ao confronto. Isso mesmo: os criminosos travestidos de torcedores levaram a briga para o pronto-socorro. Um dos feridos teve traumatismo craniano.O problema é, obviamente, de segurança pública. De Polícia. Do poder público. Muitas das torcidas organizadas mantêm atividades criminosas diversas, como, inclusive, O POVO já mostrou. Mais graves até que arruaça de rua. Não é problema no futebol, mas é do futebol, que é vítima. Episódios como esse afastam gente dos estádios, prejudicam a imagem do esporte, afetam a própria atividade econômica, que emprega milhares de pessoas e movimenta bilhões de reais. Não começa no futebol, mas o problema tem tudo a ver com os dirigentes de clubes, que mantém relações estreitas com torcidas organizadas, nas quais buscam sustentação política e às quais abastecem com ingressos, quando não viabilizam meios para arrecadação.
Hoje faz um mês que a Copa do Mundo terminou. Cansei das vezes nas quais escrevi que minha preocupação não era como seria a organização durante o evento. Em 16 de abril de 2013, disse aqui mesmo que o País tinha todas as condições de realizar o evento sem sobressaltos, como num período de exceção no qual “tudo funciona, como numa Europa tropical”. Meu receio não era quanto aos 30 dias de Copa. Era em relação a quando não tivesse mais Copa. Era sobre o agora.
Nos anos que antecederam o evento, nos quais se deram os preparativos, o Brasil avançou no trágico ranking mundial de mortes relacionadas ao futebol. Se o fato de o Brasil receber o maior evento do esporte mundial não fez dirigentes públicos e privados se mobilizarem para atacar questão tão grave, o que esperar agora, como acreditar que algo será feito sem essa motivação? A questão é grave, urgente. Mas a perspectiva é desanimadora.
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