Política 09/08/2014

O peso da estratégia em cada front da campanha eleitoral no Ceará

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Érico Firmo ericofirmo@opovo.com.br

Times de futebol, forças militares e campanhas políticas têm entre as várias diferenciações possíveis, nas respectivas áreas, as gradações de ênfase que dão à estratégia. Há equipes esportivas com mais variações e movimentação, os “bem postados” ou as que fazem o “feijão com arroz”, como diz o jargão da crônica. E os apenas bagunçados mesmo. Assim como há os exércitos ousados, que arriscam ações de campo surpreendentes, bem como os mais ortodoxos, que apostam tudo na força das infantarias, artilharias, na tecnologia bélica e na supremacia numérica. E os que fazem apenas figuração, sem serem capazes de se contrapor às forças hegemônicas.

A campanha de Eunício Oliveira (PMDB) no Ceará poderia ser comparada ao time que joga postado em campo, que não arrisca, joga com o regulamento debaixo do braço e que, em geral, só se lança nos contra-ataques. Ou ao exército que guarda posição e não avança sobre as linhas inimigas. Opção compreensível para quem, até aqui, liderou todas as pesquisas com bastante folga. Isso, obviamente, do ponto de vista da forma, não do conteúdo, pois críticas têm havido, e não são poucas.

 

Já a coligação de Camilo Santana (PT) seria o time em que posições se alternam, que arrisca viradas de jogo, inversões de jogada, tenta o drible. Que se lança na busca do gol, mas desguarnece o flanco para contra-ataques. Ou o exército que avança com audácia e ímpeto na conquista de territórios, mas se expõe e aos seus soldados de modo por vezes temerário.

 

A campanha governista tem um franco-atirador claro e conhecido. Habituado como poucos a esse metiér: Ciro Gomes. É ele o escalado para a maioria dos embates. Sobretudo, é ele a investir contra Eunício Oliveira. Mas há uma tarefa na qual Ciro não cabe: o confronto com Tasso. Há aí relações históricas, gratidão. Nas raríssimas vezes em que fez ressalvas ao ex-padrinho, Ciro jamais usou a ênfase habitual e nunca deixou de destacar o carinho por quem o projetou na política estadual.

 

Por isso, para bater em Tasso, o escalado é Cid Gomes. Assim, o governador e seu irmão fazem jogo casado e “marcam” – para voltar ao futebolês – os cabeças da chapa oposicionista.


CANDIDATOS PRESERVADOS E PESQUISA COMO PARÂMETRO

Entre as várias coisas que Tasso Jereissati inaugurou na polícia cearense está a forma absolutamente inédita e intensiva de usar pesquisas nas decisões políticas e de governo. Cid aprendeu com o ex-líder e até aperfeiçoou alguns usos. Não à toa, um dos maiores gastos declarados pela campanha de Camilo Santana (PT) no primeiro mês foi com contratação de pesquisa (R$ 294,1 mil). De modo que, ninguém se engane, os movimentos coordenados de Ciro e Cid são baseados em números de que dispõem.

 

Outro aspecto da estratégia governista:os principais líderes do grupo político - o irmão que foi e o que é governador - vão para a linha de frente, atraem para si atenção do público que os candidatos, novatos em pleitos majoritários estaduais, não conseguiriam por si. Assim, dão visibilidade para a coligação que apoiam. Mas, principalmente, atingem os adversários sem expor seus candidatos.

 

Alternativa que Eunício e Tasso não têm. Enquanto, do lado do governo, os principais nomes não são candidatos, na oposição, os concorrentes são justamente os principais expoentes do grupo. Não há apoiadores que possam fazer esse papel de se contrapor a altura a Cid e Ciro. Salvo os próprios postulantes.

 

A ESTRATÉGIA DE TASSO

O discurso de Tasso estava dentro de estratégia cujo objetivo não era puxar o governador para o ringue. Mas foi o que aconteceu. O bate-papo via Facebook, assim como a conversa com jovens, na véspera, na livraria Saraiva do shopping Iguatemi, é parte do plano de aproximação com segmento com o qual, após sua primeira eleição, o ex-governador nunca mais conseguiu se aproximar. Embora tenha liderado com folga as pesquisas até aqui, Tasso sabe que tem pontos fracos. A juventude é um deles. Fortaleza é outro. O tucano busca espaço em ambos, para não deixar flancos em aberto.

 

A reação do governador surpreendeu o comitê tucano, mas, da mesma forma como nas outras vezes em que Cid reagiu às críticas, dessa vez Tasso também não irá responder.

 

OS PRESOS QUE A INCOMPETÊNCIA LIBERTA

Gravíssima a informação divulgada nesta semana pela juíza da 17ª vara criminal, Marlúcia de Araújo Bezerra, de que há presos sendo libertados porque a Secretaria da Justiça, órgão do Governo do Estado que gere os presídios, não os escolta até as audiências. O Estado reage e diz que o problema é que a 17ª vara não faz uso da central, instalada dentro do Fórum Clóvis Beviláqua, responsável por marcar essas audiências. A questão é séria demais para esbarrar em questões tão comezinhas. Gente que foi presa por acusação de cometer crime é libertada sem julgamento. Vale lembrar que, muitas vezes, autoridades da segurança pública culpam o Judiciário pelo aumento da violência, diante de decisões que determinam a soltura de presos. Além dos casos em que não se confirmou a culpa atribuída, há também muitas reclamações dos juízes e promotores de inquéritos mal feitos. Porém, também é fato que há problemas na magistratura – vi9de as recentíssimas denúncias de venda de liminares, feitas pelo próprio presidente do Tribunal de Justiça. Não há explicações isoladas. Uma crise da dimensão da epidemia de violência instaurada não é coisa que se construa sem a “contribuição” de vários atores.

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