[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Artes e artifícios de sufocar a oposição | Coluna Política | O POVO Online
Política 08/03/2013

Artes e artifícios de sufocar a oposição

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Salvo sutis nuances, governos francamente hegemônicos lidam de forma bem parecida com as respectivas oposições. No Ceará pós-redemocratização, Tasso Jereissati (PSDB) fez escola. Após sofrer com a situação minoritária em seu primeiro – e mais relevante – mandato, passou a isolar seus adversários e tratá-los a pão e água. A Secretaria do Governo (Segov) traçava estratégias para minar as bases de adversários e, assim, evitar que alguns se reelegessem. Na Prefeitura, Juraci Magalhães também não dava trégua. Seu líder, Narcílio Andrade, repetia que a oposição não aprovava nem voto de pesar. Líder governista em outro ciclo político, na esfera estadual, o então vereador Nelson Martins (PT) era sempre recordista tanto de projetos apresentados quanto rejeitados. “É do Nelson? Então é não”, diziam os líderes do prefeito, ao orientar as respectivas bancadas nas votações. Luizianne Lins (PT) não agiu muito diferente como gestora. O rolo compressor do Paço foi acionado com frequência constrangedora para quem agora precisa reclamar da falta de espaço. Até simples pedidos de informações eram rejeitados. Inclusive de dados que podiam ser obtidos na Internet. Mas havia a simbologia de derrubar o requerimento, para não “dar o gosto” aos inimigos. E repetiu Tasso ao rastrear os redutos dos adversários e miná-los nas bases para impedir que se reelegessem. No Governo Federal, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seguiu a mesma estratégia, ao perseguir um a um seus adversários no Senado, Tasso entre eles – o mundo dá voltas. Enfrentamento eleitoral que, aliás, é legítimo. Absurdo é manobrar para impedir instalação de CPIs que têm número de assinaturas, barrar requerimentos de debates, cercear a transparência ao se posicionar contra simples pedidos de informação. A maioria desses expedientes é mais recente. Tasso nunca recorreu ao estratagema de apresentar CPIs fajutas, de forma relâmpago, para evitar investigações que julgava inconvenientes. E enfrentou algumas bem espinhosas. Juraci aprendeu essa receita já no fim do mandato, depois do estrago da CPI da Merenda Escolar. Tal modus operandi se difundiu mesmo com a “moderna” geração governante.


O MÉTODO CID DE SEDUZIR

Cid Gomes (PSB) tem particularidades na forma de lidar com a oposição. Quanto às CPIs, age do mesmíssimo modo. Já requerimentos de informação até foram tolerados com alguma liberalidade, até o dia em que passou o pedido de divulgação da lista de passageiros de jatinho que seguiu à Europa. Cid nem queria responder, mas não houve jeito. Quando a relação foi tornada pública, soube-se que embarcou na aeronave quem não devia. Desde então, decidiu-se cortar o “mal” pela raiz: a transparência foi a vítima. O que Cid tem de único é a forma de transformar adversários em aliados – ou, ao menos, neutralizar opositores e potenciais críticos. No dia em que Nelson Martins apareceu em matéria do O POVO criticando a indicação do tucano Marcos Cals para o secretariado, ainda em 2006, foi convidado para ser líder do governo. Cid ainda transformou em mais novo amigo de infância seu então vice-governador, Francisco Pinheiro, que havia sido indicação de Luizianne. No segundo mandato, o governador escolheu para líder o único parlamentar da ala mais rebelde do PT – Antonio Carlos, ligado à prefeita. Na mesma época, tentou fazer de Eliane Novais (PSB) vice-líder. Ela não aceitou e se tornou uma das parlamentares mais críticas à administração do próprio partido. O governador ainda tentou despachar Heitor Férrer (PDT), seu opositor mais persistente, para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). O pedetista não topou.

PRIMEIRAS SINALIZAÇÕES DO ESTILO ROBERTO CLÁUDIO

Em muitas coisas inspirado em Cid Gomes, a base do prefeito Roberto Cláudio (PSB) deu as primeiras indicações do que pode ser seu estilo no trato com a oposição. Até agora, aproxima-se mais dos outros exemplos que do padrinho político Cid. Talvez por considerar na casa do sem jeito o PT em geral – e o líder oposicionista Guilherme Sampaio em particular –, o tratamento tem sido de nem pão nem água. Já houve tentativa de impedir Deodato Ramalho de ocupar uma simples cadeira na Comissão de Direitos Humanos e, agora, a destituição de Guilherme do Conselho de Educação. O presidente da Câmara pode até ter o direito de interromper o mandato em andamento, mas é difícil não enxergar picuinha política das mais rasteiras na substituição do líder da oposição pelo líder do governo, Evaldo Lima (PCdoB). Ainda mais depois dos questionamentos que o petista levantou sobre a educação municipal. O fator superveniente é que – ainda que ambos tenham histórias inequivocamente vinculadas à educação – tanto a atual gestão como a anterior indicaram para o colegiado nomes absolutamente ligados ao Executivo de plantão. Não deixa de refletir a realidade de momento do Parlamento, mas o Legislativo se diminui. A representação deveria ser da Câmara. Em última instância, deveria ser do povo. Mas, ora, o povo.

QUANTO AOS REQUERIMENTOS DA OPOSIÇÃO, ROBERTO CLÁUDIO COMO CID. E LUIZIANNE

Em outra seara, a base do prefeito segue, sim a de Cid, bem como os métodos da gestão passada. Na quarta-feira, aliados de Roberto Cláudio rejeitaram requerimento para debater o projeto de ponte estaiada sobre o Cocó, do mesmo Guilherme. Como ocorreu no passado e ainda se dá no Estado, o Legislativo abre mão de uma de suas prerrogativas mais elementares. E em função de iniciativa de pouco potencial ofensivo.

 

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sÍLVIA 08/03/2013 12:33
A IDÉIA DE PODERES "INDEPENDENTES" E HARMÔNICOS ESTÁ LONGE DE SER ALCANÇADA. ATÉ HOJE A "HARMONIA" SÓ OCORRE TENDO COMO BASE ACORDOS IMPUBLICÁVEIS.
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