[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Narrativas da memória política do Ceará | Coluna Política | O POVO Online
Política 02/03/2013

Narrativas da memória política do Ceará

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Serão lançados neste mês de março dois interessantes livros sobre a história política do Ceará. Antes dos coronéis, do jornalista J. Ciro Saraiva, é a segunda parte da trilogia – iniciada pelo capítulo do meio, No tempo dos coronéis (2011) – que narra episódios do jogo de poder no Estado desde o fim da ditadura do Estado Novo. O autor é jornalista e foi secretário da Comunicação dos governadores Manoel de Castro (1981) e Gonzaga Mota (1982-1986). Agora, Saraiva retorna ao período imediatamente anterior ao ciclo dos coronéis Virgílio Távora, Adauto Bezerra e Cesar Cals. Época romântica, nos quais o rádio era novidade e os carros, mesmo bicicletas eram artigos raros e as pessoas se deslocavam mesmo era de jumento, cavalo ou charrete. E no qual, com campanhas eleitorais praticamente sem regras, o transporte de eleitores pelos candidatos era feito livre e desavergonhadamente. Além disso, havia, no dia da eleição, farta distribuição de carne, arroz, feijão e farofa aos eleitores. Foi o período no qual os governadores – Faustino de Albuquerque, Raul Barbosa, Paulo Sarasate e Parsifal Barroso – eram todos bacharéis em Direito. E, também, época das mais turbulentas. Nacionalmente, o ciclo foi marcado pela morte de Getúlio Vargas, a renúncia de Jânio Quadros e a deposição de João Goulart. No Ceará, a instabilidade foi tal que houve permanente alternância de poder. Desses governadores, o único que conseguiu fazer o sucessor foi Parsifal, com a eleição de Virgílio pela controversa “União pelo Ceará”, iniciadora de novo ciclo. Tempo tão complicado que quatro aliados de Raul Barbosa, por exemplo, chegaram a anunciar rompimento antes mesmo da posse do governador.


O outro livro não é delimitado pelo tempo, mas pelo espaço. Viçosa do Ceará: política e poder aborda a trajetória do município com características, nessa área, mais particulares que qualquer outro no Estado. O autor é o historiador Eônio Fontenele – também personagem dessa história, pois foi vereador entre 1997 e 2004 e cujo pai, homônimo, foi três vezes prefeito. É hoje membro do diretório do PSB em Fortaleza. Antes ligado ao ex-deputado Sérgio Novais, Eônio integra o grupo que se aliou aos Ferreira Gomes.


EXPLOSÃO DA CRIMINALIDADE

Em noticiário tragicamente recorrente no Estado – é assim com Cid Gomes, como foi com Lúcio Alcântara, Tasso Jereissati... – a área da segurança pública foi causa das principais crises dos quatro governadores abordados no livro de Saraiva. Na administração Faustino, o autor aponta como principal feito a criação da Rádio Patrulha – para a época “mais importante que o Ronda do Quarteirão”, aponta o livro. Ainda assim, a criminalidade cresceu. Assim como ocorreu na gestão de Raul Barbosa. O alarmante saldo, conforme conta, foi de “mais de 100 mortes em todo seu governo”. Conforme O POVO mostrou ontem, Fortaleza registrou 1.628 homicídios em 2012. Raul saiu tão desgastado que foi o único governador a perder a eleição posterior para o Senado. No governo Paulo Sarasate, a situação chegou até a política: o secretário da Agricultura, Edilson Távora (UDN), entrou armado no plenário da Assembleia e atirou a queima-roupa no líder do PSD, Wilson Roriz, que discursava naquele momento. Com Parsifal Barroso, nem a imprensa escapou, com atentados da própria Polícia contra jornais e seus diretores. A ponto de terem passado a ser comuns revólveres e rifles nas redações. O livro narra que o jornalista Jáder de Carvalho chegou a atirar acidentalmente contra o colega Francisco Fortaleza, mais tarde prefeito de Campos Sales, enquanto manuseava arma.

 

POLÍTICOS E O CONTRABANDO

Antes dos coronéis também relata as várias denúncias de envolvimento de autoridades e políticos com contrabando no período. O assunto ganhou atenção nacional e chegou a ser abordado na tribuna da Câmara dos Deputados por Carlos Lacerda. “Vossa excelência está dizendo que há políticos fazendo contrabando no Ceará?”, interpelou-o o deputado cearense Bonaparte Maia. “Não, o que eu disse é que há , em seu Estado, contrabandistas fazendo política”, respondeu-lhe Lacerda.

 

O livro será lançado em 20 de março, na Assembleia Legislativa.


A CIDADE QUE NÃO SE ENQUADRA

O livro de Eônio narra a história de Viçosa do Ceará desde a segunda metade do século XVI, com a chegada de franceses, que mantém boas relações com os índios Tabajaras. Conta ainda sobre o contingente que de lá partiu para lutar na Batalha do Jenipapo, no Piauí, uma das mais importantes para a Independência do Brasil. Sobre a trajetória eleitoral, são muitas as curiosidades, com o traço em comum de que tanto as votações estaduais quanto nacionais são normalmente determinadas pelas circunstâncias municipais. Foi assim que Getúlio Vargas, na única vez em que chegou ao poder pelo voto, teve apenas 2% dos votos viçosenses, enquanto PSD e UDN dominavam a política local. Além disso, o marechal Lott venceu Jânio Quadros, em 1960, Mário Covas ficou em segundo, na frente de Lula, em 1989, José Serra venceu Lula no 2º turno de 2002, Geraldo Alckmin bateu Lula em 2006 e Serra derrotou Dilma Rousseff em 2010. Nas eleições estaduais, os eleitores de Viçosa deram vitória a Adauto Bezerra contra Tasso Jereissati, em 1986, Paulo Lustosa ficou na frente de Ciro Gomes em 1990 e Cid Gomes perdeu tanto em 2006, para Lúcio Alcântara, quando em 2010, para Marcos Cals.

Viçosa do Ceará: política e poder será lançado na próxima terça-feira, 5, às 19 horas, no auditório Murilo Aguiar, na Assembleia Legislativa.

 

Erramos: o único governador do ciclo abordado no livro de Saraiva a fazer o sucessor foi Parsifal Barroso, com eleição de Virgílio, e não Faustino, diferentemente do originalmente publicado.

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espaço do leitor
Maclima 03/03/2013 20:56
Vê se aprende, Dilma, por Miriam Leitão. http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=488335&ch=n
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Maclima 02/03/2013 15:36
Alias, os dois livros.
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Maclima 02/03/2013 15:36
Um livro imperdível, comprarei-o.
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