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O poder é antipático por natureza e, por isso, a tentativa de se apresentar como “novo” e “diferente” é recorrente na política. Ainda mais no cenário de décadas de desgaste acumulado, como no caso brasileiro, onde a Nova República já nasceu velha, sob o comando de José Sarney, sucedido por Fernando Collor. A Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, é mais uma tentativa nessa direção. Outras já houve. Por exemplo, o PSDB, ao se desmembrar do PMDB, tinha tal ambição, sob o comando de Franco Montoro e Mário Covas. A chegada ao poder e o alinhamento com o PFL acabaram envelhecendo-o rapidinho. Mais tarde, foi a legenda pefelista, ao se transformar em Democratas (DEM), que apostou na tese. Igualmente o Psol tem pretensão de ser o novo. Em eleições recentes, a própria Marina, assim como Heitor Férrer (PDT) e Renato Roseno (Psol) no plano local, foram impulsionados por esse sentimento transformador. Mas não basta vontade e marketing para personificar esse caráter do novo. PSDB e DEM não conseguiram, assim como o Psol lembra muito o PT de três décadas atrás, mas em outro momento histórico e sem a mesma base social. E nesse último ponto está a diferença crucial. Com todas as críticas que se faça, com todo o redirecionamento - digamos assim - após a chegada ao poder, o PT talvez tenha representado a última grande novidade real na política brasileira. Sua grande diferença não estava nas ideias que defendia, mas no enraizamento nas estruturas da sociedade. Essa inserção não se constrói de cima para baixo. A maioria dos partidos é criada e procura se integrar às forças existentes. O processo petista foi diferente: nasceu de sindicatos, comunidades eclesiais de base e movimentos organizados. Foi produto dessa mobilização. E engana-se quem pensa que a chegada ao poder rompeu tais vínculos – está aí certo peleguismo que tomou várias entidades para provar que vários laços permanecem. E muito mais firmes que qualquer outra sigla conseguiu. Nada de novo será criado na política com ideias brilhantes de cima para baixo. A capacidade de dialogar com o mundo real, os problemas do cotidiano e, sobretudo, os atores sociais são pré-requisitos para qualquer força que pretenda se inserir nas estruturas de poder de forma distinta do que já existe.
O HOSPITAL E AS CRÍTICAS A CID
A coluna de ontem recebeu diversos comentários de leitores. A maioria elogiosos, pelos quais agradeço. Mas destacarei o único de teor crítico – ao qual também sou grato. O autor é Taumaturgo Lucena: “Será que a administração do governador só merece críticas?”, indagou. Ao que respondo: de modo algum. Cid tem realizações importantes. Acima de todas, destaco os resultados objetivos obtidos na qualidade da educação, aos quais já elogiei outras vezes e que lhe rendeu reconhecimento federal. Também já elogiei um punhado de vezes a iniciativa de construir os hospitais regionais. Todavia, penso que, em regra, o Estado tem gastado demais em relação ao desempenho obtido. Houve governos anteriores que extraíram resultados proporcionalmente melhores ao investimento. Parece-me que a verba pública poderia ter uso mais eficaz. A segurança – cujas estatísticas são um desastre – é o melhor exemplo. Isso à parte, creio que Cid patinado em detalhes e por bobagens, que ameaçam marcá-lo pelo caráter folclórico. Com todo seu empenho como gestor, ele corre risco de ser mais lembrado como governador que levou a sogra para viajar pela Europa que pelo Cinturão das Águas – que, ressalve-se, ele nem iniciou, pois agregará o Canal da Integração, nem irá concluir. E, ainda, mais por ter saído correndo pela pista de aeroporto que pela inauguração do Metrofor – embora este permaneça apenas em fase de testes. Mais pela contratação de Plácido Domingo que pelo Ronda do Quarteirão – cujos resultados, todavia, são pífios. Mais pela confusão na greve dos professores que pela melhoria da educação, sobre a qual não penso haver ressalvas. E mais pela marquise que desabou e pela contratação de Ivete Sangalo que pela rede de hospitais que começou a construir no Interior.Mas prossegue Lucena: “Nunca na história um governante foi tão ousado em colocar em prática a construção quatro hospitais regionais num estado pobre da federação, obras essas que, quando em pleno funcionamento, serão de valia incomensurável, tanto para maioria da população do Estado, como também para desafogar a rede pública de saúde da capital cearense”. Concordo inteiramente e ontem mesmo salientei seu papel crucial e a mencionei como talvez a mais interessante ação do governo. Mas Lucena entende que se “pinça coisas pequenas para enodoar uma bela e grandiosa obra” e que o acidente com a fachada não deve “desmerecer todo o empreendimento”. Bom, também fiz questão de separar a importância do hospital das trapalhadas cometidas. Para o bem e para o mal, pois, como disse, quando finalmente funcionar e cumprir a inestimável tarefa a que se propõe, tampouco se poderá colocar pedra sobre os equívocos. Por outro lado, não creio que o desabamento em obra inaugurada há um mês e que nem pode atender a vítima em questão possa ser chamada de “coisa pequena”.
Lucena destaca, também, a cobrança feita pelo governador ao consórcio construtor. Algo que também elogiei na coluna de ontem.
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