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MENU POLÍTICO 03/02/2013

Vítimas da hipocrisia que nos rodeia

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A tragédia que vitimou dezenas de pessoas no último domingo em Santa Maria, no Rio Grande Sul, comoveu o País e chamou a atenção para o grave problema da falta de planos de segurança nas casas de show espalhadas pelo Brasil. Não podia ser diferente. Jovens morrerem nas circunstâncias verificadas naquele episódio mostra o quanto a vida humana é vista em segundo plano quando está em jogo a ganância por ganhar mais e mais dinheiro. Como já revelado, o ambiente estava com a sua capacidade bem acima do normal, o que já caracterizaria, em princípio, o risco iminente. Mas da mesma forma que revolta a consequência do descaso dos donos da boate com seus frequentadores, também é digno de repulsa o festival de hipocrisia que tomou conta das autoridades públicas no tratamento da questão logo nos dias seguintes a este fato.

 

A exigência de maior rigor nas fiscalizações em boates, e até a determinação da interdição de todas elas em várias cidades, como se viu na última semana, revela para a sociedade o quanto o ser humano é menosprezado no seu dia a dia. Ora, quer dizer que, se não tivesse acontecido nada no último domingo, todos os frequentadores continuariam sob o perigo de serem alvos ou vítimas da falta de fiscalização? E se todas foram fechadas em alguns lugares, qual foi o papel do poder público em relação a essas casas até o último domingo? O nome disso é, portanto, manipulação da opinião pública. Podem alegar que antes tarde do que nunca, mas isso só prova que, nesses lugares, nunca, de fato, se pensou em ações preventivas antes.


Da mesma forma, porém, que o poder público não pode se isentar da hipocrisia nesse caso, não se pode isentar também o cidadão comum. Os mesmos que agora se mostram tão zelosos das suas vidas, não relutam em contrariar as normas mais básicas em ocasiões onde o risco é claro. Falo, por exemplo, do consumo de bebida ao dirigir ou de outras formas de utilização dos seus veículos em vias públicas. E porque não lembrar da negação ao cinto de segurança, ou da cadeirinha de criança no banco traseiro? Poderia mostrar várias situações em que o cidadão no dia a dia infringe leis criadas para a sua própria segurança, com o simples propósito de subverter a ordem. É a famosa praxe de levar vantagem em tudo, tão típica de uma sociedade que não se respeita.


Recentemente, tivemos uma polêmica em Fortaleza onde se discutia a possibilidade da ida das duas maiores torcidas do Estado ao estádio Presidente Vargas para o confronto entre Ceará e Fortaleza. Apesar da Polícia dizer que não garantia a segurança, diversas opiniões se voltaram contra, afirmando que ali representava, na verdade, a inoperância do aparato policial. Em nenhum momento se discutiu, de fato, o risco em si. O jogo aconteceu e tudo terminou bem. Mas, e se não tivesse? Ou seja, a palavra do órgão responsável pela segurança foi praticamente ignorada. De que adiantou? Outro exemplo emblemático na Capital é o barril de pólvora no qual está inserido o Centro da cidade. O Corpo de Bombeiros já fez o alerta, mas nenhuma providência tomada. Mas o problema não diz respeito apenas ao Centro da Capital. Há unidades comerciais na cidade, grandiosas, construídas muitas ao arrepio da lei, ou se utilizando das brechas nela existentes, funcionando sem as menores condições de segurança. São verdadeiras tragédias anunciadas, que ignoram o poder público, como se fossem imunes às regras existentes na legislação. Como cidadãos, aceitamos tudo e continuamos frequentando esses lugares, dando lucro e gerando a certeza da impunidade, até sermos vítimas de uma catástrofe, quase sempre creditada ao destino, jamais de nossa hipocrisia.

Luiz Henrique Campos
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