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Disco 28/01/2012 - 01h30

Siba dá um salto com a guitarra

Com produção de Fernando Catatau, o pernambucano Siba busca uma sonoridade mais urbana, pontuada pela guitarra, no CD Avante

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DIVULGAÇÃO/ TALITA MIRANDA

Siba faz seu trabalho mais urbano em 20 anos de carreira

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Siba está irreconhecível num primeiro momento. Sem o cabelo curto e chapéu que o caracterizava desde os tempos do Mestre Ambrósio e, principalmente, com a ausência da rabeca, companheira das principais aventuras musicais empreendidas pelo universo da música popular da Zona da Mata pernambucana, principalmente ao lado da Fuloresta do Samba. Mas é só começar a ouvir Preparando o salto, faixa de abertura do CD Avante, primeiro trabalho que o cantor, compositor e instrumentista pernambucano assina sozinho, já se reconhece a voz de sotaque característico.

“Este disco é o resultado dos últimos cinco anos da minha vida pessoal e profissional”, disse em entrevista por telefone. A característica mais visível audível que chama atenção de Avante é a guitarra como instrumento em primeiro plano. “Eu havia abandonado a guitarra há quase 20 anos quando passei a me dedicar a rabeca”, contou. O que dá início ao processo que resulta em Avante, do seu retorno à guitarra às composições de caráter mais pessoal, está na audição de Método Túfo de Experiências, segundo CD da banda cearense Cidadão Instigado. “Minha admiração por Catatau é desde sempre, desde que o conheci. Mas neste trabalho é marcante porque ele mostra como falar de si é, ao mesmo tempo, falar de todo mundo”, detalha.

Foi então que voltou a ter a guitarra sempre à mão, retomando uma ligação mais visceral com o instrumento, estudando, reaprendendo a se relacionar com ele. Instrumento do qual guarda as lembranças de seus primórdios da carreira, quando tocou em bandas de rock. “Fora a flauta doce da iniciação de escola, a guitarra foi meu primeiro instrumento ao qual me dediquei, estudei, e que me deu as primeiras referências musicais”, disse. A influência do amigo Catatau o levou de volta à guitarra, sob novas perspectivas. Ele então foi o nome certo para pilotar a produção deste trabalho.

Experiência

Siba então experimentou uma nova formação com a inclusão da tuba de Léo Gervázio, fazendo a ponte com seu trabalho na Fuloresta do Samba e “a música de rua do Recife, do frevo”. A isso ele adicionou os teclados e o vibrafone, pilotados por Antonio Loureiro. Especialmente o vibrafone é uma influência da música africana (especialmente do Congo), que Siba vem ouvindo nos últimos anos. Para a bateria, Samuca Fraga pilotou no estúdio e, ao vivo, quem toca é Serginho Machado, como pode ser conferido hoje na sua estreia em plena Rua da Moeda, no Recife Antigo.

Esta formação já andou se apresentando em festivais como Goiânia Noise, além de ensaios abertos e apresentações em casas noturnas pequenas na noite paulistana. Nos próximos dias 9 e 10 de fevereiro tocam em São Paulo e retornam a Recife para apresentações durante o carnaval no palco do Rec-Beat e outras apresentações no Carnaval Multicultural promovido pela cidade.

É quando o público poderá conferir a força de composições como A Brisa, uma das poesias mais instigantes do novo trabalho, com seu tom melancólico. Há influência da música popular dos prostíbulos em Ariana, ganhando versos mais densos. Das 11 faixas, três são regravações oriundas do trabalho da Fuloresta do Samba, que ganham novas nuances musicais sob esta formação: Cantando ciranda na beira do mar, A bagaceira e Canoa furada. “É o texto que liga tudo”, aponta Siba para o tom pessoal das letras. Especialmente A bagaceira se destaca com sua história trágica de esbórnia carnavalesca: “Pode acabar-se o mundo/ vou brincar meu carnaval”. A guitarra em primeiro plano também nos remete à guitarrada paraense, influência forte entre os pernambucanos recentemente.

Em Avante, Siba se mostra distante do colorido painel da música de rua promovido pelo Mestre Ambrósio, ou da rica diversidade de timbres da Fuloresta do Samba, ou mesmo do diálogo de linguagens promovido por seu dueto com Roberto Correa. Aqui há um clima mais triste, de tons sépia, de histórias doloridas, amores desfeitos, relações partidas. Siba segue adiante como um dos músicos mais relevantes de sua geração, tanto faz se tocando rabeca, viola caipira ou guitarra.

Servio

Avante

O que: CD solo do cantor, compositor e instrumentista pernambucano Siba.

Participações: Lirinha, Teco Cardoso e Fernando Catatau. Produção: Fernando Catatau e Siba. 11 faixas.

Quanto: R$ 20 (CD).

CDs E DVDs

Clássicos

Rosa Passos é sempre um luxo

Rosa Passos nem precisava ter nominado a homenagem a Elizeth Cardoso para justificar o repertório de seu 16º disco. Até porque as músicas escolhidas nem são tão ligadas à voz da Divina assim. Qualquer seleção que esta baiana cante já valeria por ouvir tais clássicos na sua voz única. Ainda tem a performance de Lula Galvão (violão), Jorge Hélder (baixo) e Rafael Barata (bateria).

É LUXO SÓ - Rosa Passos. Biscoito Fino. 10 faixas (CD). R$ 30

Estreia

Casal dá sangue novo ao blues-rock

Antes de estrear em disco, a superbanda criada pelo casal Susan Tedeschi e Derek Trucks já causava burburinho. Susan é uma das cantoras mais completas do gênero hoje e Trucks um mestre na guitarra-slide. O CD superou as expectativas por conta da coleção de excelentes composições. Algumas já nascem com cara de clássico como Bound for Glory.

REVELATOR – Tedeschi Trucks Band. Sony Music. 12 faixas (CD). R$ 30

Supergrupo

De volta ao rock pauleira

O super grupo formado por Glenn Hughes (ex-Deep Purple), Joe Bonamassa, Jason Bonham e Derek Sherinian (ex-Dream Theather) começou a trabalhar em 2010. Depois de dois CDs de estúdio, o quarteto lança este bom DVD que nos remete ao rock pauleira dos anos 70 com um pezinho no arena-rock mais comercial do início dos anos 80. Hughes é a principal força-motriz provando que ainda está com vocal afiado.

LIVE OVER EUROPE – Black Country Communion. Som Livre. 21 faixas (DVD duplo). R$ 40.

LETRA & MÚSICA

lucianoalmeida@opovo.com.br

POR LUCIANO ALMEIDA FILHO

Luciano Almeida Filho lucianoalmeida@opovo.com.br

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