[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Bem perto de Karina Buhr | Coluna Letra e Música | O POVO Online
Lançamento 22/10/2011 - 01h30

Bem perto de Karina Buhr

Baiana criada no Recife, e hoje radicada em São Paulo, a cantora e compositora Karina Buhr acaba de lançar seu segundo álbum, Longe de onde, pelo projeto Natura Musical
JORGE BISPO
Karina Buhr fez as fotos e gravou clipes do novo CD na cidade de Casablanca, no Marrocos

Karina Buhr integra a recente geração de artistas nordestinos que, depois de despontar em seus estados, se mudou para São Paulo e de lá vai irradiando uma nova proposta de música brasileira com sabor cosmopolita e coloquial. Eles meio que formam um coletivo que está sempre em colaboração uns com os outros, transitando com fluência pela cena paulistana mais estabelecida, dialogando com roqueiros e vanguardistas que foram influências nos primeiros anos e hoje são parceiros e amigos bem próximos.


Apesar de ter nascido em Salvador (BA), Karina foi criada em Recife (PE) e carrega forte no sotaque pernambucano desde os tempos que integrou a banda Cumadre Florzinha, que tinha um trabalho de resgate de sonoridades tradicionais passada por um filtro contemporâneo, próprio do movimento mangue-bit. Com a dissolução da banda, Karina se transferiu para São Paulo e passou a construir sua trajetória de cantora solo que desembocou no ótimo CD de estreia, Eu menti pra você – considerado um dos melhores discos de 2010.


Depois de ser aprovada no edital da Natura Musical, Karina e seus colaboradores passaram a elaborar o segundo trabalho, Longe de onde, que acaba de chegar às lojas com distribuição da gravadora Coqueiro Verde e está disponível para download gratuito no site oficial da cantora. Entre os colaboradores da moça estão nomes como Edgard Scandurra (ex-Ira!), o cearense Fernando Catatau (Cidadão Instigado) e o Guizado. “Faço as músicas e as levo para a banda. Os arranjos são sempre coletivos, só trabalhar se for assim, em colaboração. É eles que dão uma unidade, mas cada música é trabalhada isoladamente, de acordo com o que ela pede”, contou a cantora em entrevista por telefone.


É este painel de canções de estilos variados onde os timbres dados pelos músicos vão costurando a personalidade musical de Karina Buhr. Longe de onde é a continuação natural de Eu menti pra você. Continua a surpreender pelas soluções simples e criativas, tanto do ponto de vista das composições, como dos arranjos que ganham em sofisticação na execução dos músicos, nos diálogos das guitarras de Scandurra e Catatau – que já tinha mostrado seu potencial no trabalho com Arnaldo Antunes – e aqui ganha novos contornos, além do trumpete de Guizado. Juntos são capazes de mergulhar na psicodelia, como o fazem na faixa que encerra o CD, Não precisa me procurar – uma canção popular simples, melancólica.


Cara palavra abre o disco com pique que lembra o rock paulistano dos anos 80, com um pé no punk e outro na poesia concreta. Depois vem a canção de timbres setentistas e letra melancólica A pessoa morre, onde nota-se a mão forte de Catatau no arranjo, que também se faz presente em Pra ser romântica, com cara de hit alternativo. Não me ame tanto segue um outro caminho que faz a riqueza do disco que surpreende a cada faixa. A ironia se torna explícita em Guitarristas de Copacabana. Copa de veneno é uma das melhores do disco, com suas programações eletrônicas e letra entre a melancolia e o cinismo. Ela canto-fala coloquialmente em Sem fazer ideia – pitadas fortes de influência de Itamar Assumpção.


Com este novo trabalho, Karina Buhr espera poder viajar mais o Brasil. “Sou louca para cantar em Fortaleza. Já tive aí com o Antonio Nóbrega quando o Cumadre Florzinha trabalha com ele. Fizemos um show no Dragão do Mar. E depois cantei com o Cidadão Instigado no Boca Rica. Quero muito mostrar meu trabalho. Não vejo a hora e acho que vai ser breve. Até tinham feito contato para a gente fazer o Festival das Juventudes, mas acabou não dando certo por corte de verbas”, declarou a cantora que vai sair em turnê dentro do projeto Natura Musical, que ainda não tem data pra Fortaleza, “Mas acredito que a gente consegue encaixar uma ida aí”, adiantou.


LONGE DE ONDE

O que: segundo álbum solo da cantora Karina Buhr. Produção de Karina Buhr, Bruno Buarque e Mau. Participações: Edgard Scandurra, Guizado e Fernando Catatau. Lançamento Natura Musical/ Coqueiro Verde. 11 faixas. Com letras.
Quanto: R$ 24,90 (preço sugerido do CD). O álbum pode ser baixado gratuitamente no site da cantora (www.karinabuhr.com.br) 

 

Rock britânico

 

Astros sem novidades

A Inglaterra é o país da eterna busca pelo “próximo fenômeno” do rock. A tradição dos tablóides semanais na imprensa alimenta a “caça” por novidades de um lado e o noticiário de celebridades por outro. Aqui vamos tratar de duas celebridades que já foram “a novidade da vez” e hoje desfrutam do estrelado mundial: Noel Gallagher (ex-Oasis) e o Coldplay, liderado por Chris Martin.


Ambos estão lançando seus novíssimos trabalhos e sobre os dois há enorme expectativa. No caso do Coldplay, é uma expectativa mais convencional, de fã mesmo, querendo saber como está o trabalho de sua banda predileta. No caso de Noel Gallagher, trata-se de sua estreia solo sob o nome de Noel Gallagher´s High Flying Birds, dois anos após o fim do Oasis.


Os dois trabalhos não decepcionam. Mas trazem em comum um certo comodismo de astros consagrados. Os dois artistas entregam o que seus fãs esperam e não surpreendem. No caso de Noel talvez um pouco mais porque os últimos discos do Oasis andavam muito pálidos e, em trajetória solo, ressurge com as mesmas qualidades do auge de sua antiga banda. A turma de Chris Martin entrega o melhor trabalho da parceria com o produtor Brian Eno.


Em Mylo Xyloto, Coldplay explora belos timbres e texturas musicais, sem deixar de entregar seu pop-rock apropriado para as grandes arenas, herdeiro direto de U2 e altas doses de brit-pop. No caso, nota-se até a repetição de timbres e algumas dinâmicas já exploradas por Eno/U2 que ressurgem aqui com Coldplay – ouça Major Minus. A primeira faixa de trabalho, Every teardrop is a waterfall, expõe tudo com exatidão em formato de balada radiofônica. A turma de Chris Martins traz novidades curiosas como a participação da diva do r´n´b das pistas, Rihanna, na faixa Princess of China.


Pesa sobre os ombros de Noel Gallagher o melhor do DNA do Oásis, afinal são dele todas as principais composições de sucesso da banda. E se tem a confirmação deste fato logo que se ouve Noel Gallagher´s High Flying Bird, sua estreia solo disfarçada com nome de banda. Gallagher tira da cartola sua melhor coleção de músicas desde (What´s the Story) Morning Glory? (1995), auge do Oásis.


Em certos momentos há semelhanças bastante próximas: a abertura de If I Had a Gun lembra diretamente a clássica Wonderwall. O primeiro single, The death of you and me, mostra Gallagher buscando novas sonoridades sem perder seu tino melódico característico. Everybody´s on the run, a faixa que abre o CD, tem arranjo orquestral e refrão grudento, tem tudo para ser a Champagne supernova deste disco. Gallagher não comete erros e ainda traz um pique dançante em AKA… Broken Arrow, talvez herança dos tempos que foi roadie do Inspiral Carpets.

 

Ouça trechos do CD

 

Cara Palavra

Copo do Veneno

Pra Ser Romântica

 

Serviço

 

Noel Gallagher’s
High Flying Birds

O que: estreia solo de Noel Gallagher após o fim do Oasis. Produção de Noel e Dave Sardy. Lançamento Universal Music. 10 faixas (11 faixas na versão digital).

Quanto: R$ 30 (CD) e R$ 20 (versão digital). Vendas exclusivas da versão digital na UOL Megastore.

Mylo Xyloto

O que: quinto CD do quarteto inglês Coldplay. Produção de Brian Eno e Coldplay. Lançamento EMI Music. 14 faixas.

Quanto: R$ 30 (CD).

 

Luciano Almeida Filho lucianoalmeida@opovo.com.br
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