[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Os braços da Política | O POVO
Fábio Campos 04/03/2012

Os braços da Política

A imprensa, antes aliada, passou a ser tratada pelos que estão no poder como uma grande vilã
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Sempre que havia uma crise política ou institucional, as redações procuravam ouvir um general de quatro estrelas. Eram os tempos entre o fim da ditadura e os primeiros anos de democracia. Era a fase da transição. Como contraponto à farda, buscava-se a voz do clero e da OAB.


Na fase posterior, no período entre Itamar Franco e o primeiro Governo de Fernando Henrique Cardoso, os generais restringiram-se aos quartéis e os padres à sacristia. Os sociólogos e os chamados cientistas políticos passaram a ser os oráculos que faziam a leitura dos acontecimentos. Geralmente em um tom crítico e de oposição ao regime.


Com a chegada da esquerda ao poder, os sociólogos ficaram, digamos, governistas e suas opiniões perderam a intensidade e a necessidade. A imprensa, antes uma aliada, passou a ser tratada pelos que estão no poder como a grande vilã a ser combatida e controlada. Com Dilma Rousseff, esse comportamento arrefeceu.


Ao longo desse processo, há um setor que se mantém incólume, “iluminado”, com ares superiores e uma voz que costuma ser ouvida pelas redações como se fosse a expressão da verdade. São os tais “movimento sociais” – ongs, sindicatos, associações e afins - que, é claro, são controlados pelos partidos de esquerda e, portanto, a favor de suas teses.


Os movimentos sociais existem em todo o mundo democrático, mas, no Brasil, têm enorme influência na política. Aqui, até comerciantes que ocupam a praça pública para realizar suas vendas e que se organizam numa associação, são considerados “movimentos sociais”. E sempre há um político com ou sem mandato por trás (ou à frente).


Nada demais se, nesse caso, fosse tratado apenas como um agrupamento que defende seus interesses como, na verdade, o é com todos os grupos de pressão comuns à Democracia. Mas, seu discurso ganha ares de consenso e de verdade. Uma aura de intocável. Pairam (ou tentam pairar) acima da institucionalidade e, muitas vezes, até das leis.


No ano passado, ocorreu em Fortaleza a ocupação da Assembleia Legislativa pelos grevistas da rede de ensino. Raros foram os protestos contra uma ação ilegal, que impediu o funcionamento do parlamento e ainda depredou o patrimônio público. Muitas foram as acusações de que o Governo foi “fascista” por ter (tardiamente) expulsado os invasores. Na verdade, jamais poderia ter permitido a ocupação.


Quem quer que questione posições e atitudes dos “movimentos sociais” é logo bobamente tachado de “direita”. Coisa que no Brasil virou ataque raivoso, como se fosse um terrível palavrão.


Ironicamente, a esquerda se comporta como uma especialista em democracia por controlar esses grupos de pressão, que são denominados de “grupos organizados da sociedade” - ironia sim, afinal a História da esquerda se confunde com a defesa de ditaduras de partidos únicos que não permitem nenhuma organização da sociedade que não seja a do próprio partido ou a de seus braços.


É desses grupos organizados que nascem os falsos consensos que interessa ao projeto de poder almejado ou em vigor.


BANALIZADO


Chegamos a um ponto que parecia impensável: um servidor público com contas rejeitadas pelo TCM foi indicado para compor a cúpula do órgão. É a desmoralização definitiva do Tribunal.


Nada contra o advogado Hélio Parente. Há indicativos de que se trata de um profissional capaz. Porém, a questão é outra. A questão é institucional. Não poderia haver golpe mais duro no TCM.


Como conselheiro, Parente não reúne as condições necessárias para reprovar as contas de quem quer que seja. Sempre que alguém for julgado por não ter apresentado sua prestação de contas dentro do prazo, o conselheiro deveria se declarar impedido.


O pior: o TCM articula revisar a decisão que condenou o seu novo membro. Se será assim para um, terá que ser também para todos os que requererem o privilégio.


Um ex-membro de uma importante corte de contas falou comigo e disse o seguinte: “Não precisava ter acontecido assim. Acho que o governador foi mal aconselhado. Há muitos outros nomes à disposição. Foi ruim para o TCM”.


PRIVATIZAÇÃO À VISTA

O Palácio do Planalto estuda conceder à iniciativa privada mais quatro aeroportos: Porto Alegre, Recife, Salvador e Rio Branco. Os aeroportos dessas capitais estão com o limite de sua capacidade, que foi projetada para no máximo mais 10 anos. Não seria um problema se houvesse espaço para construir novos terminais ou expandir as pistas. Não é o caso dos quatro aeroportos citados. Fortaleza não se enquadra nesse critério. Restam boas áreas de expansão no terreno onde está instalado o Pinto Martins, que acaba de finalizar a concorrência para ampliar e reformar. O certame foi vencido pelo consórcio CPM Novo Fortaleza (Consbem Construções, Paulo Octávio Investimentos Imobiliários e MPE Montagens e Projetos Especiais). Valor: R$ 336,7 milhões.


CARGOS E CABIDES

O ministro Aldo Rebelo (Esporte) defendeu a indicação de Marcelo Crivella (PRB) para a pasta da Pesca e disse que a indicação de um ministro não precisa ser técnica. É exatamente o caso do próprio Rebelo, que está longe de ser um especialista em políticas públicas de esporte. Antes de Crivella aceitar a gloriosa missão, o PRB tentou emplacar no cargo o secretário de Pesca e Aquicultura do Ceará, o ex-deputado federal Flávio Bezerra. A não indicação de Bezerra para o Ministério conseguiu pelo menos um feito: fazer com que lembrássemos que há uma Secretaria da Pesca no Ceará e que há um secretário no comando. Seu trabalho é tão conhecido quanto o do secretário de Defesa do Consumidor de Fortaleza.

 

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espaço do leitor
antonio 11/03/2012 22:53
O colunista tá desinformado. Talvez não saiba que a Secretaria Municipal de Defesa do Consumidor é o mesmo PROCON MUNICIPAL, orgão atuante e eficaz na área consumerista de nossa cidade. Deveria se retratar.
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Hiran Nogueira 05/03/2012 12:33
O colunista esqueceu que os milionários brasileiros também têm suas organizações. Não é só sindicalista de esquerda que luta por seus direitos, não!
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