Das Antigas 23/03/2014

O binário de Brecht

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Demitri Túlio demitri@opovo.com.br

 

A impressão que se tem é que passamos longe do que há de real na discussão sobre o binário, a derrubada dos ipês e a lenga-lenga entorno da Praça Portugal. Contra os argumentos técnicos e uma enxurrada de cálculos sobre aceleração, tempo, velocidade, volume, o valor de “pi” e a ponte-que-caiu, o canelau tem pouco o que fazer... Lembro das chatas aulas de física no Redentorista.


Careço da Universidade Federal do Ceará e do Instituto dos Arquitetos do Brasil que parecem fazer de conta que a discussão não tem a ver com eles. E vai-se engolindo o palavrório oficial ou construindo argumentos que se esfarelam porque não passam do senso comum e futrica.


Resolvi deixar o carro e fui caminhar ao redor da área esquadrinhada para o futuro binário Praça Portugal-Dom Luís-Santos Dumont. Depois de ir pra lá e pra cá, uma frase de Bertold Brecht me acompanhou pelas calçadas: “Pergunte sempre a cada ideia: a quem serves?”


Não é teoria da conspiração nem desconfiança com quem tem de fazer a Cidade ir e vir. Não. Mas há esquisitos que carecem de respostas públicas mais consequentes.


No entorno o da s “estouradas” Dom Luís e Santos Dumont há previsão de construção de no mínimo mais dez edifícios entre comerciais e residenciais. De acordo com uma fonte da engenharia de trânsito, o surgimento de mais prédios ali vai despejar tanto carro particular nos dias úteis que o binário já nasceria troncho.


São só desconfianças brechtinianas.


De repente, duas construtoras se prepararam para erguer dois empreendimentos promissores exatamente nos locais onde nascerão duas das praças “públicas” prometidas.


Um novo prédio surgirá numa boca da Desembargador Moreira e, outro, no lugar de casarão que deixará de existir em frente ao shopping Aldeota – vizinho ao Bradesco.


Vi mais. Na Desembargador Moreira com Torres Câmara outro megaempreendimento será construído. Ali, onde o Exército se enrolou todo para explicar a venda de um terreno que, por tempos, abrigou uma vila militar.


Mais adiante, na coronel Leite Albuquerque, outra vila do Exército, um condomínio de apartamentos para subtenentes e sargentos sumiu e dará lugar a um novo prédio na Aldeota.


A equação é besta, mais prédios igual a centenas de outros carros indo e vindo. E, exatamente no caminho das construtoras, o binário salvará o trânsito na Aldeota!


Pode ser que mais carros, naquele entorno, não seja o nó. Talvez o problema sejamos nós que usamos o automóvel até pra ir comprar um carioquinha na esquina do prédio.


Não sou contra o binário, coitado de mim e de milhões de arigós sem o auxílio da UFC. Mas fico a me demandar, feito um Eremildo: o cerne da discussão é o binário? Consertamos o furo do cano velho, mas não trocamos o sistema inteiro que está enferrujado.


A Prefeitura não teria de repensar a liberação de novos empreendimentos no entorno da Dom Luís e Santos Dumont? Não é incoerente fazer um binário e deixar nascer prédios que despejam mais carros sem oferecer condições de deixá-los nas garagens?


Uma compradora de um apartamento em um condomínio que será construído vizinho ao Bradesco quis saber por onde entraria e sairia com seus carros. Com o binário e o fim da praça Portugal, a porta da garagem do prédio seria exatamente debaixo dos cruzamentos... Esqueceram de combinar esse detalhe.


DEMITRI TÚLIO é repórter especial e cronista do O POVO

demitri@opovo.com.br

 

espaço do leitor
Juan Vazquez 25/03/2014 14:03
Incrível como as pessoas querem parar no tempo. Vamos fazer logo uma lei para proibir qualquer construção em Fortaleza e ninguém mais vir morar e trabalhar aqui. Daqui a 50 anos seremos obrigados a viver na mesma estrutura de hoje em dia. Continue pensando assim champs!
COSTA 24/03/2014 08:52
Me diga um prédio em Fortaleza que deixou de ser construído por causa da prefeitura? Falam desse terreno da Tôrres Câmara. E aberrações como o Hospital São Carlos, a FIC, o Antônio Prudente... Desse jeito, a loura não vai poder ir no seu Pálio para seu apto financiado...
Cléber Seagal 23/03/2014 15:19
É interessante perceber que para toda ação, há uma reação. Mais do que isso, não existe construção urbana que deixe de beneficiar um primeiro em detrimento dum segundo. A politica no fim parece cada vez mais formada para servir à interesses particulares.
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