[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] Bom dia, meus netinhos! | O POVO
Audifax Rios 26/10/2012

Bom dia, meus netinhos!

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De repente a casa é invadida, inexoravelmente: monstros pré-históricos, dinossauros e pterodáctilos do João; princesinhas e bichinhos da Joaquina; jogos e personagens infantis da Flora que saltaram da televisão: Bob Esponja, Hello Kitty, Pucca&Garu e outros coloridos seres dessa geração de brinquedos cada vez mais futuristas, longe, muito longe das bruxinhas de pano e carrinhos de lata do tempo de eu menino. Flora Rios Pinheiro (mais ecológica, impossível) completou, segunda feira, sete aninhos, quando ganhou mais uma medalha na 4a. Corridinha Iguatemi e é hoje, junto com os outros dois netinhos citados, a razão da crônica, tipo personagens inesquecíveis e indispensáveis que protagonizam o espetáculo da vida.


Netos vieram para mudar a vida da gente. Sempre ouvi falar que estes pestinhas mexiam mais com os corações que mesmo os filhos. Não acreditava, achava exagero coruja, hoje dou o braço a torcer. Não discuto mais o assunto, hasteei bandeira branca. Eles chegam astuciosos, nos corrompem, pedem coisas impossíveis de realizar, capitulamos. Somos reféns do sorriso, das gracinhas, das danações. Eles têm consciência disto, são ardilosos chantagistas e sempre caímos no laço.


Os vovôs, mais que as vovós, sempre foram escravos desses pequeninos gênios saídos de poderosa lâmpada com seus pedidos inviáveis. E nos quedamos com todos os salamaleques, os avós marmanjos submissos, as vovós compreensivelmente sensatas, pé no chão, conhecem bem de perto essas malandragens, talvez até por serem donatárias da ardilosa capitania: a cozinha. Avô bota neto a perder... pois seja, eu continuo a materializar todas as vontades destes adoráveis diabinhos, avós e mães que consertem os meus desastres, acho que pela longa estrada já tenho direito de cometer tais desacertos.


Por vezes reflito e me questiono, será que este doce amor não estará sendo ministrado exageradamente? Não estarei sendo egoísta? O que ando a realizar serão apenas meus caprichos, sem olhar de lado? Todo este carinho a eles devotado, no fundo, é a mim próprio que dirijo, ou dele tiro partido? O que faço não é para alegrá-los, e sim para minha satisfação, preencher de forma conveniente o cérebro deste progenitor mama-na-égua?


Pudera, porém confesso, continuarei a ser o avô coruja e desnorteado, daqueles que além de comprar as guloseimas não permitidas, satisfazem a todos os quereres, tipo consertar rodas quebradas dos carrinhos, ajeitar sapatinhos de bonecas e desenhar imagens mirabolantes que passam pela cabeça desses capetinhas. E até experimentar na tevê desenhos animados modernos e filminhos como Y Carly e Todo mundo odeia o Chris.


E quando volto das costumeiras viagens a Santana, revejo a mesma cena dos tempos de criança a espera de que papai, também deslumbrado, abrisse a mala de couro ou a carona da sela para descobrir ali as infalíveis novidades. Ao chegar ao portão da casa, os três já estão de plantão; não pedem benção ou dão boa noite, apenas, num uníssono, perguntam: Vô, cadê o presente?


Pois o aniversário da Florinha provocou estas reflexões. Retorno ao tempo dela, a mesma idade do João. Sete anos no meu tempo era ocasião da primeira eucaristia, a pioneira festa solene, até o padre ia comer bolo do especial café da manhã. Entrávamos para a idade da razão. Tipo portal da responsabilidade, umbral da vida braba. Hoje, quando chegam neste patamar nos sentimos novamente criança, tão inocente quanto eles.


Flora, conserve sempre esta candura, que é pra perguntar, sem censuras, as maiores besteiras ao vovô. Que ele as julgará as mais puras verdades, as mais legítimas sentenças que todos os filósofos não conseguiram definir. Parabéns, beijos e lágrimas de emoção. E está liberada para, junto com João e Joaquina, concluir o painel em todas as paredes disponíveis. Com seres jurássicos, sacis, bichinhos caseiros, mônicas e cebolinhas e o pessoal do Lobato que talvez você não tenham mais a oportunidade de acompanhar por causa da intolerância dos adultos. Deixa assim, é um desabafo, um dia vocês entenderão.


P.S. Quando forem pintar as paredes não esqueçam de rabiscar no céu um colorido arco-íris, e retirem no pote que está no final a aurora da vida deste vovô que é pra ele entender melhor o que fervilha na cabecinha de todos vocês. Deus os abençoe!

 

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