[an error occurred while processing this directive][an error occurred while processing this directive] De cabritos e acadêmicos | O POVO
Audifax Rios 15/06/2012

De cabritos e acadêmicos

O Clube congrega gente de toda nação, mais democrático impossível. Do político de carreira ao flanelinha; do escritor consagrado ao engraxate
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O Clube do Bode nasceu com quem não quer nada, foi tomando vulto, tem durado mais que o esperado e vai tocando sua sina sem eira nem beira, devagar e sempre. Não tem estatuto, dispensa mensalidade, ausências não são punidas, não expulsa nem admite. O sócio vai chegando sorrateiro, se gosta volta, se instala como posseiro e sai berrando, bodejando, tomando da água (que passarinho não bebe) do Flórida Bar e não larga mais, tipo tatuagem.


Diante de tanta desordem duas coisas são sagradas, respeitáveis, presentes, infalíveis: o chocalho, feito símbolo, para chamar o garção ou sustar o falatório demasiado; e a ata semanal, já no número 536, todas manuscritas em 26 livrinhos com aspecto de almanaque ou das antigas miscelâneas das moças d’outrora. Além do relatório propriamente dito, derramado em linguagem debochada, nas páginas destes livretos encontramos de um tudo: retratos, desenhos, colagens, recortes de jornais, cartões de aniversários e santinhos de defuntos... e as cúmplices assinaturas.


O Clube congrega gente de toda nação, mais democrático impossível. Do político de carreira ao flanelinha; do escritor consagrado ao engraxate. Já deixaram seu ferro nos livros de ata personalidades como Alceu Colares, Belchior, Roberto Damatta, o escritor caboverdiano Germano Almeida, Roberto Freire, apresentador de tevê Carlos Alberto Nóbrega, escritores Antonio Torres e Caio Porfírio Carneiro. São cadeiras cativas o bregastar Falcão, professores Emerson Marinho e Wilson Couto, Elmar Arruda, Vétia e Dudu, Eduardo Camarço, Luciene Bevilacqua, Marcílio Alves, os filhotes Mariana e Antonio João, o fotógrafo Luizinho Ferreira, Paula, Luiz, Lavínia, Laís, o secretário adjunto Narcélio dos Anjos e a redatora Tatiana Ribeiro, além do presidente Sérgio Braga e sua corte de odaliscas e eunucos... Aqui, acolá aparecem Fausto Nilo, João Ananias, Rodger Rogério, Iranildo Pereira, BC Neto, Lustosa da Costa, Martônio Vasconcelos, vereadores Acrísio Sena e Machado Neto, o craque Pacoti, o pintor Alano Freitas.


É bom deixar claro que o Clube do Bode não alimenta pretensões político/culturais, muito menos literárias. Embora diversos imortais frequentem regularmente a sede a céu aberto, talvez porque naqueles sisudos sodalícios não seja permitida a bagunça e a irreverência patentes entre os cabritos, tão necessárias a uma vida saudável e alegre. Dito isto declinaremos aqui alguns nomes desses literatos de carteirinha que no Bode buscam momentos de descontração. Pois: Juarez Leitão, Pedro Henrique Saraiva Leão, Virgílio Maia, José Teles, Carlos Augusto Viana, Augusto Bezerra, Lúcio Alcântara, Luciano Maia, Dimas Macedo e o saudoso Barros Pinho. Estes, da matriz centenária, Academia Cearense de Letras, que tem como novos postulantes Airton Monte e Ubiratan Aguiar. E mais nomes das menores que arrolaremos com as tais devidas desculpas, pois certamente esqueceremos alguém: Mário Nogueira, Laéria Fontenelle, Paulo de Tarso Pardal, este cronista, Diogo Fontenele, João Soares Neto, Lellis Luna, Régis Frota, Nóbrega Teixeira, Jorge Tufic e outro que partiu, Cláudio Pereira.


Guardando as devidas distâncias, o charme dessas entidades têm causado muito frisson, ultimamente. Há uma sedutora corrida para as duas entidades tão diferenciadas. É fácil pertencer a uma Academia e frequentar o Clube do Bode. Difícil é um pai de chiqueiro escalar os umbrais de uma Academia. Mesmo com a carroça abarrotada de livros. Tudo como dantes. Afinal, reza o ditado: “O bom carito não berra!”.

 

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